Nas férias de 2025, que acabam hoje, fiz uma apresentação em um congresso em Manaus, montei uma exposição, escrevi, estudei, li, arrumei a casa, desatei nós burocráticos — fiz um monte de coisas. Um monte mesmo. TDAH hiperfuncional, que chama. Ainda precisava de mais uns dias para terminar tudo de que preciso dar conta. E, claro, outros tantos para descansar.
Aliás, para quem estiver em São Paulo, minha exposição vai até o dia 22 de agosto, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie.
Enfim, minhas férias, como diz meu pai, caíram numa quarta-feira.
O ano, que ainda está pela metade, já foi cheio o suficiente para valer por uma dúzia. Toda essa movimentação me fez ficar exercitando, na cabeça, como seria a minha vida de aposentada. Sim, ainda tenho esperança de me aposentar um dia. Sim, no Brasil. Sim, eu sei.
Falhei miseravelmente em todos os cenários imaginados.
Em um deles, mudo-me para uma praia. Enseada, no Guarujá, de preferência. De manhã, caminhada pela orla. 10h. Almoço em casa porque prefiro. 11h30. Uma soneca. Consegui chegar, no máximo, até umas 13h. Aí o que, mesmo na fantasia, eu faço? Isso mesmo: vou para o ateliê trabalhar.
Em outro, mudo-me para o mato. Pior ainda. O dia acaba lá pelas 10h30.
No cenário mais provável, fico onde estou, só que sem horários a cumprir. Parece razoável.
A maioria dos meus colegas de trabalho está postando fotos em praias, capitais europeias, viagens bacanas. Digo, a maioria daqueles que acompanho. Pensando bem, meia dúzia de gente. Tenho saudades de uns pouquíssimos colegas e alunos, mas gosto da sala de aula. Semana passada fui a uma gráfica por outros motivos e, claro, peguei material para sala de aula. Não tenho salvação.
Não importa. O que não tirei de férias, tirei dos ombros — e isso é igualmente bom.
Instalei a Steam e filho gentilmente me colocou no plano família dele, com acesso a um gazilhão de jogos. Joguei dois por, no total, quase três horas. Acho tudo muito difícil. É muita informação e eu esqueço o que fazer. Minha habilidade com videogames é a de um bebê antes do desenvolvimento da coordenação motora fina.
Não consegui pintar o banheiro — e nem vou conseguir. Vai ficar para janeiro, já que este semestre praticamente não tem feriado.
Talvez eu nem sinta tanta diferença assim entre férias e não-férias.
Nina Simone, por outro lado, está inconformada com o fim de julho. Para ela, faz toda a diferença se estou trabalhando em casa ou não. Petiscos não caem do céu, sabia? Cafuné e colo via internet não funcionam. Passeios só são possíveis com a humana. O mundo canino é presencial. Afeto é presença, é permanência. Precisamos ser mais como os cães: desligar o computador, sair do zap e ir lá dar um abraço naquele amigo.