O Brasil é um país que nunca perde uma boa ideia — apenas a multiplica com criatividade tropical e um certo caos. Assim nasceu a moda dos festivais literários: se existe a Flip de Paraty, por que não uma versão para cada tribo, sotaque e nível de excentricidade? De Norte a Sul, brotam Flis como teoria conspiratória no Telegram. Cada uma tem sua proposta, seu público e, claro, seu coffee break com pão de queijo. A seguir, uma seleção das mais promissoras (ou, pelo menos, mais curiosas) versões programadas para estrear pelo Brasil em 2026.
Fliego
Festival sem mesas de debate — apenas púlpitos individuais. Os autores falam para si mesmos enquanto um espelho faz o papel de plateia. Aplausos garantidos e egos satisfeitos.
Flitreta
Reúne autores, críticos, editores e influenciadores para lavar roupa suja ao vivo. A programação inclui a mesa-redonda “Por que você não me marcou no Instagram quando falou mal do meu livro?”.
Fliploft
Festival exclusivamente dedicado a textos onomatopaicos que emitem sons do tipo “bam”, “pow” e “nhoc”. As mesas de poesia sonora são tradicionalmente interrompidas por aplausos tão performáticos quanto os textos.
Flindie
Reúne editoras que publicam cinco exemplares e vendem três para os próprios autores. O restante é usado como suporte de mesa bamba.
Flinfluencer
Mesa: “Como falar sobre livros que você não leu e, ainda assim, ganhar parceria com grandes editoras”. Os brindes incluem filtros de Instagram com cara de reflexão.
Fliclaque
Escritores trazem pessoas pagas para aplaudir em momentos-chave. Há categorias: “Aplauso espontâneo”, “risada de plateia culta” e “suspiro melancólico”.
Flironcador
Festival noturno para leitores insones. Todas as palestras são ministradas em sussurros, e as sessões de autógrafos ocorrem em redes e colchonetes.
Flitapecerica (edição internacional)
Convida escritores estrangeiros que acreditam estar em Paraty. Descobrem a verdade no segundo dia, quando já é tarde demais para cancelarem a reserva do Airbnb.
Flivarginha
Evento dedicado à ficção científica e às narrativas sobre ETs. Destaque para o painel “Alienígenas também sublinham trechos de livros?”.
Fliresiliente
Voltada para autores que insistem em continuar escrevendo mesmo sem leitores. Cada participante ganha um abraço coletivo, sessões de shiatsu e um vale-café para lidar com a rejeição.
Fliportunista
Festival criado para quem notou que literatura dá visibilidade. Ninguém escreveu ou leu nada, mas todos trazem cartões de visita, releases e um sobrinho com câmera profissional.
Flimeme
Autores apresentam microcontos com limite de 280 caracteres em painéis, e a mesa de encerramento discute: “O emoji é o novo Machado de Assis?”.