Após o advento das vanguardas europeias, especialmente do Futurismo, do Expressionismo e do Cubismo, o segundo acontecimento importante que antecipa o Modernismo de 20 é a viagem de Oswald de Andrade à Europa em 1912. De volta, ele traz informações sobre o Futurismo, de Marinetti, que anuncia “o compromisso da literatura com a nova civilização técnica”, pregando “o combate ao academicismo”, esbravejando contra “as quinquilharias e os museus” e exaltando “o culto às ‘palavras em liberdade’” (cf. Mario da Silva Brito — História do modernismo brasileiro: antecedentes da Semana de Arte Moderna). E Oswald diz sobre a questão do verso livre (confrontando-o com a tradição da metrificação): “Eu nunca fui capaz de contar sílabas. A métrica era coisa a que minha inteligência não se adaptava, uma subordinação a que me recusava terminantemente” (cf. Mario da Silva Brito, idem). O terceiro acontecimento é a polêmica em torno da exposição da pintora Anita Malfatti (que estudara pintura na Europa e, mesmo, frequentara a Escola de Belas-Artes de Berlim). A pintora, filha de italiano naturalizado brasileiro, sofrera influência do Expressionismo e do Cubismo. Em artigo publicado em 1917, Monteiro Lobato reage à arte moderna, criticando com virulência os quadros de Anita Malfatti. O artigo de Lobato, intitulado A propósito da Exposição Malfatti, ficou consagrado com o título Paranoia ou mistificação?. Por fim, o quarto acontecimento decisivo é a publicação, em 1921, do artigo/discurso de Oswald de Andrade homenageando Menotti del Picchia. O artigo, que se tornou conhecido como Manifesto do Trianon, entre outras coisas, fala de “meia dúzia” de escritores novos, que, segundo Oswald, são “dissidentes”. Estava criado o clima para a renovação, para uma nova concepção de arte entre nós. Em 1922, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, ocorre, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna. Neste mesmo ano é publicado o primeiro livro de poemas modernistas: Pauliceia desvairada, de Mário de Andrade.