Disponível como e-book na Amazon, o romance O que pesa no Norte (2020), de Tiago Germano, é um livro comovente. A busca de Ricardo por Guilherme, indo da Paraíba para São Paulo atrás de resgatar para o núcleo familiar o seu filho que “se perdeu”, é dramática. Pai autoritário, áspero, com sua carga de valores patriarcais, Ricardo é um peso para a família, especialmente para o filho Guilherme. Estudante de Direito, Guilherme quebra as expectativas do pai quando resolve optar pelas Artes Cênicas. A narrativa de O que pesa no Norte lança pai e filho numa existência dilacerada, num desencontro insuperável, incontornável. No instante do céu (Reformatório, 2020), por sua vez, é a emocionante estreia de Renato Tardivo como romancista. No plano da forma, a opção do escritor pelo fragmento, pelos recursos das redes sociais, solda bem a narrativa, mantendo um tom único, incisivo, envolvente. Na técnica, já há um romancista que sabe dominar plenamente seus meios. Os fragmentos formam um mosaico muito eficaz para dar roupa aos dilemas, em especial da adolescência, do narrador. Um narrador que na essência é muito triste, portador de uma amargura que, aqui e ali atenuada por alegrias fortuitas, por diversões aleatórias, termina contaminando os momentos mais decisivos da narrativa. Um narrador que busca um eixo nos afetos no mais das vezes interditados, perdidos. O romance é sobretudo a memória atormentada por amores que não se fixaram. A sensação, no fim, é a de uma busca por ternura no desabitado — não há portas seguras onde o protagonista bater. Solidão. Solidão.