Concluindo a abordagem de Angélica, livro infantojuvenil de Lygia Bojunga. Porto luta para provar que é homem — A cegonha Angélica informa a Porto (o porco que alterou o nome) que ganha algum dinheiro tocando flauta, mas que o sonho da vida dela era “trabalhar numa coisa que ela achasse bem bacana”. No restaurante com Angélica, Porto desconhece que jantar à luz de vela “é chique”. E novamente Porto é vítima do bullying dos macacos, que estão no restaurante e que, conforme o narrador, “viviam fazendo pouco de Porto”. Porto no restaurante, por não saber ler, não consegue escolher a refeição e, atrapalhado, até vira o cardápio de cabeça para baixo por desconhecer as palavras. Os macacos riem de Porto. O proprietário do restaurante é também o patrão de Porto (que trabalha com as placas de anúncio publicitário do restaurante). O patrão de Porto é ganancioso e trata-o com grosseria e preconceito, pois entende que Porto não tem recurso para jantar com a namorada Angélica num restaurante “de luxo”. De fato, quem termina pagando a conta do jantar é Angélica — e Porto fica constrangido, envergonhado, porque entende que é “o homem que tem sempre que pagar” a conta do restaurante. E Angélica rebate-o dizendo que essa ideia “é tão antiguinha”. Porto argumenta que “foi sempre assim”. E Angélica conclui, fazendo um questionamento: “Você já reparou como tem gente à beça que não gosta que as coisas mudem?”. E os macacos, sempre perseguindo e desqualificando Porto, entoam: “Homem que é homem paga o jantar da namorada!”. O que gera em Porto um pesadelo que, em seguida, é reconsiderado. Porto avalia, num sonho, a desqualificação dos macacos e conclui “que ia ser a maior bobagem do mundo brigar por causa daquilo”. E chama, no mesmo sonho, os macacos de “bobalhões” — e estes ficam sem graça e se calam. Lygia Bojunga entretém e faz pensar com suas narrativas que servem a jovens de todas as idades.