Diversão e realismo em Lygia Bojunga (1)

Os muitos e importantes assuntos discutidos no infantojuvenil “Angélica”
Lygia Bojunga, autora de “Angélica”
01/02/2024

Lygia Bojunga, no livro infantojuvenil Angélica, dá uma aula de narrativa bem urdida, que diverte e que discute temas da vida brasileira. Extraí exemplos de temas importantes que atravessam o livro já na parte inicial, que integra os sete primeiros capítulos (antes portanto da peça Angélica, embutida na narrativa geral do livro e que toma todo o capítulo VIII, e as questões que, nos capítulos subsequentes, envolvem os atores e a representação da peça). Vejamos, em síntese, o teor dos capítulos dessa parte inicial do livro de Bojunga. O Porco – É narrada a situação de inadaptação social do Porco, que tem objetivos de crescimento. O personagem busca crescer, de algum modo se preparar, indo à escola. Porém sofre bullying dos macacos. O disfarce – O Porco, após deixar a escola e estudar sozinho, percebe que a palavra Porco tem conotação muito negativa. Então, indo ao livro que registra todos os nomes dos que vieram ao mundo, altera o “c” pelo “t”, ficando Porto. E é com o novo nome de Porto, e com uma roupa diferente, com flores e outros arranjos, que ele agora irá se apresentar, irá buscar uma adaptação social. Note-se o debate sobre o valor e a semântica dos nomes, dando ao capítulo um caráter metalinguístico. O elefante – É narrado o encontro de Porto com o elefante, numa fila de emprego. No diálogo entre os dois, conhecem-se as dificuldades de um elefante velho arranjar emprego (o tema do etarismo). É narrada ainda a astúcia de Porto para conseguir um emprego de carregador de placa de propaganda de um restaurante. São indicados alguns tipos e/ou ofertas de trabalho (ou de subempregos) na sociedade contemporânea.

Rinaldo de Fernandes

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta, entre outros.

Rascunho