A crônica do cearense Raymundo Netto, como bem disse Ana Miranda, traz um narrador que “gosta de conversa”. São ainda conversas constantes do livro Crônicas absurdas de segunda, com o qual Raymundo Netto foi finalista do Jabuti de 2016: a com o grande contista Moreira Campos (A casa vazia), que chega em seu fusquinha verde no estacionamento de um shopping — a crônica permite uma boa reflexão sobre patrimônio e memória; e a com o “poeta maldito” José Alcides Pinto (A peleja de Dom Zé Alcides e o Dragão de Sobral), texto com preciosos elementos fantásticos. São ainda personagens-temas das crônicas, entre outros, o romancista José de Alencar, o dicionarista Raimundo de Menezes, o contista e romancista Eduardo Campos, o contista Jorge Pieiro, o cronista Milton Dias, o poeta Francisco Carvalho, a própria romancista Ana Miranda, o pesquisador, poeta e cronista Audifax Rios, o poeta popular Mário Gomes, o jurista, escritor e crítico Clóvis Beviláqua, o poeta, jornalista e orador Demócrito Rocha, o romancista Antonio Sales, a romancista Socorro Acioli, o poeta Horácio Dídimo, o cronista Lustosa da Costa e o romancista e contista Nilto Maciel. Cearenses notáveis. São muitos os exemplos de crônicas bem compostas no livro de Raymundo Netto. Se não comento todas aqui, é para não apagar a curiosidade do leitor. Crônicas absurdas de segunda é um livro precioso. Um livro para ser adotado em escolas, como forma de divulgar o talento da gente do Ceará.