Da antologia Seleção de contos brasileiros, organizada por Graciliano Ramos, constam do Nordeste, por exemplo, os seguintes estados, autores e contos: Maranhão: Artur Azevedo (Útil inda brincando), Aluízio Azevedo (Demônios), Coelho Neto (Os pombos), Viriato Correia (Ladrão (confissão de um assassino)) e Humberto de Campos (O monstro); Piauí: Francisco Pereira da Silva (O espelho) e Humberto Teles (Vento seco); Ceará: Raimundo Magalhães O lobisomem), Herman Lima (Alma bárbara), R. Magalhães Júnior (Rio movido), Cordeiro de Andrade (Manhã triste), Raquel de Queiroz (Retrato de um brasileiro), Melo Lima (Pai e filho) e Moreira Campos (Coração alado); Rio Grande do Norte: Peregrino Júnior (Ritinha), Humberto Peregrino (Pedro cobra) e Milton Pedrosa (O último título); Paraíba: José Maria dos Santos (A volta dos cães); Pernambuco: Medeiros e Albuquerque (O ratinho tique-taque), Alberto Rangel (Bucho-de-piaba), Mário Sette (Um sereno de casamento), Múcio Leão (A última viagem do almirante Alcino Silva), Luís Jardim (O castigo) e José Carlos Cavalcante Borges (Felicidade); Alagoas: Graciliano Ramos (Minsk), José de Morais Rocha (O Major Fausto), Carlos Paurílio (Orfanato), Luís Augusto de Medeiros (Prelúdio em Si menor), Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Retrato de minha avó) e Breno Accioly (João Urso). Graciliano, para o preparo da antologia, e à cata de novos talentos, garante ter tido um bom trabalho, ter sido muito criterioso: “Gramei numerosos livros, folheei revistas e jornais velhos, encafuei-me dois meses na Academia de Letras […], outros dois na Biblioteca Nacional […]”. Acrescenta: “Escrevi às academias de letras do país e às diretorias de instrução pública. Em geral não me responderam, ou deram respostas ásperas”. Apesar dos esforços para obter informações nos vários estados, no final o antologista teve que utilizar basicamente material existente nas bibliotecas e na imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal. O resultado, entretanto, foi bastante satisfatório: “Achei cinco ou seis contos magníficos, hoje esquecidos”. Graciliano não indica, contudo, que contos são esses. Afirma ainda, sobre seu método de antologista, aparentemente contrariando o que acabara de dizer: “Não fiz seleção rigorosa. Exibi o que julguei representativo de um lugar, de uma época, de uma escola. Não me detive em comparações absurdas”. E, de certo modo, se trai, marcando com certo preconceito contra o escritor interiorano a afirmação: “Seria idiota exigir que a história narrada por um diletante do interior, impressa em jornaleco modesto, se arrumasse com o engenho e a técnica de Machado de Assis”. Enfim, para Graciliano, e independentemente do lugar onde tenha sido publicado, é possível que um conto “admirável”, tanto de um tempo remoto como de um recente, caia no esquecimento. Numa nota anterior, na mesma antologia, ao dizer que alguns modernos “envelheceram muito depressa”, ele está justificando o fato de um conto contemporâneo “admirável” ser esquecido. E não deixar esquecer seria também uma função, e talvez a mais importante, do antologista.