Vargas Llosa aplica em A guerra do fim do mundo a sua tese do “romance total” (romance, nas palavras do próprio Llosa, que busca “uma recuperação quase total da realidade” ou “que procura descrever uma realidade em todos os níveis que a compõem”). Romance polifônico, no enredo de A guerra do fim do mundo a ênfase é dada aos pontos de vista dos vários protagonistas. Conforme mostram os pesquisadores Adenilson de Barros e Gilmei Francisco no livro Canudos — conflitos além da guerra: entre o multiperscpectivismo de Vargas Llosa (1981) e a mediação de Aleilton Fonseca (2009), em A guerra do fim do mundo “percebemos abordagens ideológicas distintas em personagens que caracterizam, por exemplo, a representação da honra sertaneja (Rufino), do desejo de se chegar ao poder a qualquer preço (Epaminondas Gonçalves) e de ideias fundamentalistas (Moreira César)”. Os personagens “são descritos e representados de acordo com suas idiossincrasias e as condições culturais que os envolvem”. Cada um “defende ‘o seu lado’”. As razões da guerra, no fim, se justificam pelos “fanatismos” dos envolvidos, tanto dos representantes da República como do Conselheiro e seus liderados.