Anotações sobre romances (30)

O olhar estrangeiro de Sándor Márai sobre o conflito de Canudos
Sándor Márai, autor de “Veredicto em Canudos”
02/02/2016

Veredicto em Canudos, de 1970, de Sándor Márai, é o quinto romance histórico comentado pelos pesquisadores Adenilson de Barros de Albuquerque e Gilmei Francisco Fleck no livro Canudos — conflitos além da guerra: entre o multiperscpectivismo de Vargas Llosa (1981) e a mediação de Aleilton Fonseca (2009). Veredicto em Canudos é uma importante narrativa feita a partir da perspectiva de um romancista estrangeiro (Sándor Márai é húngaro). Comentam Adenilson de Barros e Gilmei Francisco: “Foi a partir da leitura da tradução inglesa do texto euclidiano que Márai resolveu contribuir […] com sua interpretação da Guerra de Canudos” [em sua coluna na Folha de S. Paulo, Marcelo Coelho teceu, em 2002, um comentário interessante acerca deste romance. Disse o colunista que “parece faltar a Veredicto em Canudos uma fabulação que pudesse tornar menos abstrato o debate proposto”. Disse ainda, sobre a perspectiva adotada por Sándor Márai: “…é como se a dimensão dos eventos narrados se esvaziasse por força da imparcialidade do autor”]. O sexto romance histórico que os pesquisadores comentam é Luzes de Paris e o fogo de Canudos, de 2006, de Angela Gutiérrez. Tido como um “jogo de armar”, este romance resulta “de uma espécie de colagem dos mais variados gêneros textuais”. Constam dele “desde os convencionais elementos da prosa até a reprodução de imagens de pinturas, esculturas e capas de livro. Grande parte do romance, entretanto, compõe-se […] de cartas escritas, principalmente, pela personagem Branca, menina rica que estudou na Europa, amiga da personagem Morena, que conviveu entre os conselheiristas”.

Rinaldo de Fernandes

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta, entre outros.

Rascunho