Aos 60 anos de idade, João Anzanello Carrascoza celebra 30 anos de carreira com Seleta, livro que faz parte das comemorações de 90 anos da editora José Olympio. A coletânea traz contos e trechos de romances selecionados pelo próprio autor — uma pequena amostra da produção literária do autor nascido em Cravinhos, no interior de São Paulo.
Ao longo de sua trajetória, Carrascoza elegeu as histórias breves como forma privilegiada de expressão — mesmo quando escreveu romances. Premiado com os prêmios Jabuti, APCA, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Fundação Biblioteca Nacional e os internacionais Guimarães Rosa (Radio France) e White Ravens (International Youth Library Munich), ele participou de programas de escritores residentes, como o Château de Lavigny (Suíça) e a Ledig House (EUA).
“É uma panorâmica do tipo de literatura que venho produzindo, e o que traz de singularidade em relação a outros escritores da minha geração”, explica o autor. Escritor mais da vida íntima do que do mundo exterior, ele mira também os jovens leitores, já que o mundo familiar, a vida afetiva e o cotidiano que são fontes das narrativas interessam à nova geração.
“É o dia a dia que vai trazer o inesperado, o surpreendente”, diz ele, que ao reler sua obra para a seleção percebeu que escreve obras breves, contos, minicontos e romances não muito extensos. “Essas brevidades compõem nossa possível permanência na lembrança dos demais. Tudo é breve, até o que permanece.”
Seleta reúne contos de livros premiados como O vaso azul, Aquela água toda, Tempo justo e Catálogo de perdas, entre outros, além de fragmentos de romances como Caderno de um ausente, Menina escrevendo com o pai e A pele da terra, da recente e elogiada Trilogia do adeus. A montagem foi feita por áreas temáticas, de forma que mesmo quem conhece a obra de Carrascoza vai encontrar novas formas de leitura.