O mais antigo suplemento literário do país

O Correio das Artes, o mais antigo suplemento literário em circulação no país, faz 60 anos agora em 2009
01/02/2009

O Correio das Artes, o mais antigo suplemento literário em circulação no país, faz 60 anos agora em 2009. Um suplemento se manter tanto tempo assim em atividade é fato, provavelmente, sem precedente na cultura brasileira. O cronista paraibano Gonzaga Rodrigues, não faz muito tempo, disse essa sutil e lapidar frase: “Não há bárbaro que acabe com o Correio das Artes”. Encartado mensalmente no jornal estatal/governamental A União, de João Pessoa, o suplemento ganhou há alguns anos o formato de revista. O responsável por esse novo formato foi o jornalista e poeta Linaldo Guedes. Em 2007, concedi uma curta entrevista, para o seu trabalho de conclusão do Curso de Comunicação Social na Universidade Federal da Paraíba, à Maria Ferreira Diniz, em que dei as minhas impressões acerca desse importante veículo de divulgação da literatura nordestina, do qual sou colunista há cinco anos (reproduzo no suplemento esta Rodapé). Eis a entrevista: 1) MFD: Minha opinião é que o Correio das Artes é um elemento de resistência no Jornalismo Cultural. Você concorda com essa opinião? RF: Concordo, sim. A idéia de “resistência” diz respeito a uma visão consistente do valor das coisas. A comunidade cultural da Paraíba desde sempre soube do valor, da importância do Correio das Artes. Por isso o suplemento existe até hoje, já estando para completar 60 anos de publicação continua. Eu diria que o suplemento já é um monumento da cultura paraibana e, mesmo, nordestina. Monumento é aquele objeto cultural que é venerado/respeitado permanentemente, por sua grande importância para uma sociedade; 2) MFD: Como você vê o Correio das Artes hoje? RF: Excelente. Tem um formato moderno, de revista, com um projeto gráfico caprichado, de fazer inveja. Dá gosto o leitor “ver” e “manusear” a revista. Além do formato, o conteúdo é múltiplo, dando oportunidade para as várias vozes culturais se manifestarem. Vejo-o como um suplemento democrático, o que é ótimo para o leitor. Cultura literária é sempre choque de idéias, de visões convergentes e divergentes. O editor Linaldo Guedes, que é muito inventivo e inquieto intelectualmente, teve um papel fundamental nessa nova fase do suplemento; 3) MFD: Como foi o seu primeiro contato com o Correio das Artes, como o conheceu? Qual a sua relação com o suplemento? RF: A primeira vez que li o Correio das Artes foi no início dos anos 90. Era um suplemento mais simples, sem a sofisticação que tem hoje. Mas já cumpria o papel de principal porta-voz das expressões literárias contemporâneas da Paraíba. Passei a colaborar com o suplemento, com contos e artigos. Hoje mantenho a coluna Rodapé, reproduzida do Rascunho, na página final do suplemento. Na coluna abordo um aspecto da literatura (contemporânea ou não) — um livro, um autor, uma cena, um personagem, etc.

Rinaldo de Fernandes

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta, entre outros.

Rascunho