Poemas de Robert Frost

Leia os poemas traduzidos "Parando nas matas num fim de tarde nevado", "Um pouco de neve antiga", "Poeira de neve" e "De ouro nada pode se manter"
Robert Frost, poeta norte-americano
01/07/2022

Tradução: Maria da Glória Bordini

Stopping by woods on a snowy evening

Whose woods these are I think I know.
His house is in the village though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.

My little horse must think it queer
To stop without a farmhouse near
Between the woods and frozen lake
The darkest evening of the year.

He gives his harness bells a shake
To ask if there is some mistake.
The only other sound’s the sweep
Of easy wind and downy flake.

The woods are lovely, dark and deep,
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.

Parando nas matas num fim de tarde nevado

De quem são essas matas penso que eu sei
Apesar de sua casa ficar na aldeia
Não me verá parar aqui
A olhar suas matas enchendo-se de neve.

Meu cavalinho deve achar estranho
Parar sem nenhuma fazenda perto
Entre as matas e o lago gelado
No fim de tarde mais escuro do ano

Agita os sinos dos arreios
A perguntar se houve algum engano
O único som a mais é o varrer
Do vento fácil e dos flocos a cair

As matas são fundas, escuras e lindas
Mas tenho promessas a cumprir
E milhas a andar antes de dormir
E milhas a andar antes de dormir.

A patch of old snow

There’s a patch of old snow in a corner
That I should have guessed
Was a blow-away paper the rain
Had brought to rest.

It is speckled with grime as if
Small print overspread it,
The news of a day I’ve forgotten —
If I ever read it.

Um pouco de neve antiga

Há um pouco de neve antiga num canto
Que eu devo ter pensado
Fosse um papel soprado que a chuva
Trouxe a seu descanso.

Está salpicado de sujeita como
Se pequenas letras nele espalhassem
Notícias de um dia que esqueci —
Se é que jamais o li.

Dust off snow

The way a crow
Shook down on me
The dust of snow
From a hemlock tree
Has given my heart
A change of mood
And saved some part
Of a day I had rued.

Poeira de neve

O jeito que um corvo
Despejou em mim
A poeira da neve
De um arbusto de cicuta
Deu a meu coração
Uma mudança de ânimo
E salvou parte
De um dia que eu lamentara.

Nothing gold can stay

Nature’s first green is gold,
Her hardest hue to hold.

Her early leaf’s a flower;
But only so an hour.

Then leaf subsides to leaf.
So Eden sank to grief,

So dawn goes down to day.
Nothing gold can stay.

De ouro nada pode se manter

O primeiro verde da Natureza é ouro,
Seu mais árduo tom a manter.

Sua primeira folha é flor;
Mas só por uma hora.

Então a folha se reduz a folha.
Assim o Éden afundou na dor.

Assim a aurora desce ao dia.
De ouro nada pode se manter.

Robert Frost
Nasceu em San Francisco (EUA), em 1874. É considerado um dos mais importantes poetas dos Estados Unidos do século 20. Frost recebeu quatro prêmios Pulitzer. Sua produção literária é variada e abundante. Sua poesia inclui sonetos, poemas em forma de diálogo, poemas curtos, poemas longos. Morreu em janeiro de 1963.
Maria da Glória Bordini

É doutora em Letras e professora aposentada colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS. É uma das editoras da revista binacional Brasil/Brazil. Além de especialista em Poética e em Erico Verissimo, também é tradutora esporadicamente.

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