🔓 Denise Stoklos leva obra de Clarice Lispector ao teatro

"Abjeto-sujeito: Clarice Lispector por Denise Stoklos” estreia nesta quinta-feira (8), no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, e terá 16 apresentações
A atriz Denise Stoklos, que protagoniza o espetáculo “Abjeto Sujeito”, com textos de Clarice Lispector (divulgação: Leekyung Kim
08/03/2022

A diretora e atriz Denise Stoklos se debruça, a partir desta quinta-feira (10), sobre a obra de Clarice Lispector. O espetáculo Abjeto-sujeito: Clarice Lispector por Denise Stoklos, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, conta com 16 apresentações e segue até 3 de abril — de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h.

A temporada foi adiada em 2020 por conta da pandemia. O espetáculo tem dramaturgismo de Welington Andrade e direção de Elias Andreato. Em cena, Stoklos performa diversos textos de Lispector, como os contos A quinta história e O ovo e a galinha, além de trechos dos romances Água viva e A paixão segundo G. H. e da crônica Vergonha de viver.

Muitos anos após declinar o convite do diretor Fauzi Arap (1938-2013) para criar um espetáculo com textos de Clarice Lispector, Stoklos promove o encontro do teatro essencial com a obra clariciana.

O resultado é uma investigação radical a respeito de como o corpo, a voz e a emoção da intérprete expressam uma palavra literária empenhada em dizer o que a todo momento beira o indizível.

“A ideia não é representar nenhuma personagem, mas sim reapresentá-las, trazendo uma ideia cênica a partir das questões levantadas por Clarice Lispector, para que o público também possa ter contato com seus temas”, conta a atriz.

Canções de Elis
Além da “reapresentação” de personagens de Clarice, a cena também será constituída por canções na voz de Elis Regina — momentos que irão explorar coreografias criadas por Denise Stoklos. Para o espetáculo, “foram escolhidas faixas de uma Elis mais soturna e existencialista”, afirma Welington Andrade. Algumas das músicas selecionadas são: “Meio-Termo”, “Os argonautas” e uma versão à capela de “Se eu quiser falar com Deus”.

Leitora dedicada de Clarice Lispector desde os 17 anos, Denise Stoklos contribuía, no final da década de 1960, para o jornal do diretório acadêmico da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, onde estudava.

Encontro com Clarice
Grande admiradora da escritora, foi ao Rio de Janeiro, descobriu o endereço de Clarice na lista telefônica e ligou para ela por meio de um telefone público, embaixo do prédio. A própria Clarice atendeu a jovem universitária, que lhe pedia uma entrevista e mandou que Denise subisse.

Feitas as primeiras perguntas, Clarice disparou: “Você não veio me entrevistar, você veio me conhecer, não é? Então, deixe de lado a caneta e o bloco de anotações e vamos conversar.” Do encontro, Denise guardou para sempre a imagem daquela mulher fascinante — ucraniana, assim como ela.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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