Aos 56 anos, a jornalista curitibana Bia Moraes estreia na literatura com o livro de contos Histórias de gente errada, que será lançado nesta quinta-feira (18), às 18h30, na Livraria Itiban, em Curitiba.
O livro, publicado pela Kotter Editorial, reúne 44 contos que a autora define como “um pouco surreal, um pouco sobrenatural”. “Com pessoas grotescas. Assassinos, mulheres que sofrem e fazem sofrer”, explica em entrevista ao Rascunho.
Há em Histórias de gente errada uma clara influência da concisão dos contos de Dalton Trevisan, autor que Bia diz ler desde os 14 anos. Mas também de autores que não estão “visíveis” em seus textos. Uma lista extensa que inclui nomes tão variados quanto os americanos Raymond Carver e Stephen King, passando ainda pelo suíço Carl Jung e pela argentina Ariana Harwicz. Entre as autoras brasileiras, cita Lygia Fagundes Telles e Veronica Stigger.
A influência do jornalismo policial também se revela nos temas, vários deles presentes na literatura de Trevisan: crimes passionais, pobreza, miséria e a velha vida comezinha da província. “Trabalhei na antiga Tribuna [jornal popular de Curitiba], de 2000 a 2004. Graças à Tribuna conheci uma Curitiba invisível na época pra mim e que, hoje, continua escondida pra muita gente.”
Com mais de 30 anos de jornalismo, Bia retomou o impulso literário da adolescência após o início da pandemia. Ela também também sofreu um AVC há quatro anos, o que a deixou “mais sensível e com tempo livre”.
Essas experiências pessoais foram determinantes para que iniciasse uma carreira de escritora. “Eu me encontrei na concisão. Agora estou escrevendo minicontos”, diz a autora, sobre a linguagem e forma das histórias presentes em seu livro de estreia.
Bia Moraes atuou em várias frentes do jornalismo: foi repórter, editora e pauteira, em veículos regionais e nacionais. Trabalhou no filme Beyond Ipanema, documentário rodado em São Paulo, Nova York e Rio de Janeiro e dirigido por Guto Barra, com quem também dividiu o roteiro do longa-metragem Jorge. Apesar de estar afastada do jornalismo diário, assina uma coluna sobre literatura no jornal Plural, de Curitiba.