A revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea comunicou que está encerrando definitivamente suas atividades devido à falta de financiamento. Editada desde 1999 pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, a revista teve 62 números até este ano, sem interrupções nem atrasos.
A editora-chefe era a professora Regina Dalcastagnè, autora do livro Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. A professora Edma de Góis (Universidade do Estado da Bahia), colaboradora do Rascunho, também fazia parte do corpo editorial.
A revista é qualificada como A1 na avaliação da Capes e indexada no Scielo, Scopus, Redalyc e em inúmeros outros indexadores nacionais e internacionais, sendo reconhecida pelos pesquisadores da área, no Brasil e no exterior. O que não foi suficiente para mante-la circulando.
“A revista sempre foi editada com recursos insuficientes, contando com a colaboração gratuita de professores e estudantes, que roubavam tempo de seu descanso para produzi-la, por acreditarem em um projeto de reflexão crítica e plural sobre a literatura e o campo literário brasileiros atuais”, diz nota publicada pelos editores da revista nesta quarta-feira (26).
A Estudos era um dos únicos três periódicos da UnB a receber nota máxima na última rodada de avaliação da Capes, mas com o desaparecimento dos editais de apoio a publicações no Brasil e sem suporte institucional, “não há como dar continuidade ao trabalho”, dizem os professores envolvidos no projeto.
Só no último ano, a revista publicou 50 textos, de pesquisadores ligados às mais diferentes instituições brasileiras e também do exterior.
“Em nome da ‘sustentabilidade’, há uma pressão imensa para que os periódicos acadêmicos cobrem dos autores a publicação de seus artigos. Caso contrário, na ausência de outras formas de apoio, teriam que repassar os custos aos leitores. Existem revistas estrangeiras cobrando o equivalente a R$ 15 mil ou até mais para um brasileiro publicar seu texto; revistas nacionais que já se submeteram à ideia cobram valores também na casa dos milhares de reais. Uma vez que a publicação em periódicos acadêmicos, além de garantir a circulação do conhecimento, é importante para a formação do currículo do pesquisador e para a qualificação dos programas de pós-graduação, cabe perguntar: quem pagará por isso?”, conclui a nota.