Bartleby e companhia, um dos principais livros do catalão Enrique Vila-Matas, ganha reedição pela Companhia das Letras. Publicada originalmente pela extinta Cosac Naify, a obra empresta o nome do personagem de Herman Melville para explorar — e fantasiar — a história de criadores que optaram pelo silêncio.
Entre romance, conto, ensaio e crítica literária, o inclassificável trabalho de Vila-Matas captura a “pulsão negativa” de Bartleby, um dedicado escrivão que, de uma hora para outra, decide que prefere não mais fazer as tarefas que seu chefe lhe designa.
A partir dessa espécie de atração pelo nada do personagem de Melville, Enrique põe seu protagonista para rastrear autores reais e inventados que, após atingirem grandes conquistas, escolheram se retirar do jogo das letras — como Salinger, autor de O apanhador no campo de centeio, e Robert Walser, autor de Jakob von Gunten.
Sem perder de foco o humor, o autor nascido em Barcelona parece tentar pôr em prática a “bagunça” do que é comumente associado ao pós-modernismo literário, explorando elementos que caracterizam o movimento — o cinismo, intertextualidade, a ideia de que não existe mais originalidade e uma espécie de descrença na escrita.