Uma das artistas mais importantes e influentes dos anos 1960 no Brasil, a cantora Nara Leão ganha um novo relato biográfico, desta vez escrito pelo jornalista Tom Cardoso. Ninguém pode com Nara Leão — Uma biografia, publicado pela Planeta, reconstrói a vida da artista que participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960 no país.
A biografia, que traz prefácio do crítico Tárik de Souza, apresenta passagens da infância de Nara, marcadas pela angústia e reclusão, detalhes da inimizade com Elis Regina, dos famosos encontros no apartamento da Av. Atlântica, onde a bossa nova ganhou corpo, cara e nome, do relacionamento com Ronaldo Bôscoli, da amizade com figuras como Vinicius de Moraes, Roberto Menescal e Ferreira Gullar, por quem nutria admiração mutua e teve um affair.
Filha caçula de dr. Jairo e dona Tinoca e irmã da modelo e famosa personagem da cena carioca Danuza, a jovem tímida, quieta e cheia de neuroses ficou marcada na história como uma das mais produtivas intérpretes da MPB dos agitados anos 1960 aos 1980, além de ser responsável por definir os costumes e a expressão política da época. “Foi símbolo da reação à ditadura de 1964, sem nunca pretender ser coisa alguma”, escreveu Paulo Francis após a morte da cantora.
O livro também acompanha o relacionamento de Nara com o cineasta Cacá Diegues, na época em que se aproximou dos expoentes do Cinema Novo. Ele foi o responsável por apresentar a ela um outro mundo musical, fazendo-a se impressionar com artistas como Carmen Miranda, Ary Barroso e Luiz Gonzaga. Ela e Cacá se casaram em cerimônia íntima e recebendo convidados como Danuza e Samuel Wainer, Chico Buarque e Marieta Severo, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Aloysio de Oliveira e Flávio Rangel. Foi também com o cineasta que Nara se exilou na França e teve dois filhos, Isabel e Francisco.
Autor da biografia, Tom Cardoso é jornalista, com vasta passagem pela imprensa paulistana. Escreveu, entre outras obras, as biografias do jornalista Tarso de Castro, do jogador Sócrates e do político Sérgio Cabral. Foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012 com o livro-reportagem O cofre do dr. Rui, que narra o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, em 1969, comandado pela VAR-Palmares.