Se é correto afirmar que “nós, humanos confusos, olhamos sempre para o lado errado”, conforme anota José Francisco Botelho em Cavalos de Cronos, os personagens que encabeçam o novo romance do gaúcho Altair Martins precisam driblar essa condição para acabar com um silêncio de 24 anos — mesmo que, geograficamente, não tenham vivido distantes. Para superar essa fissura emocional, os irmãos Elias e Fernando, um professor e outro taxista, juntam-se em prol de uma causa comum: transportar os ossos do falecido irmão mais velho deles, o jóquei Carlos, a uma noite de turfe — esporte que envolve corridas de cavalos — em Buenos Aires. Com a ossada em uma caixa de isopor, eles entram no táxi e iniciam a jornada, tanto exterior quanto interior, de volta ao passado e discutindo inúmeros assuntos, passando pelo Rio Grande do Sul e Uruguai até chegarem à Argentina. Segundo o escritor e crítico literário José Castello, “Altair Martins é um dos mais surpreendentes escritores de sua geração”.