Com o romance A muralha, publicado originalmente em capítulos na revista O Cruzeiro e lançado como livro em 1954, a escritora paulistana Dinah Silveira de Queiroz conseguiu um feito admirável: tornou-se best-seller e foi traduzida para vários idiomas — do japonês ao inglês. A obra acompanha a trajetória da jovem e romântica Cristina, que sai de Portugal e desembarca em terras brasileiras para se casar com Tiago. O primeiro acontecimento parece delinear o tom da narrativa, preocupada em expor as dificuldades, mas também a força, das mulheres durante o período colonial: o prometido não estava no local combinado, e essa ausência faz com que a heroína precise transpor diversas barreiras — físicas, como a Serra do Mar, e mentais — para chegar à propriedade familiar do noivo. Para a escritora Maria Valéria Rezende, a narrativa inspira a crença na “força da luta e da capacidade das mulheres” e pode fazer com que “os varões tenham verdadeira compaixão de si mesmos e se aliem a nós para construir, agora, sim, um Novo Mundo”.