Corte radical

Entrevista com Marina Colasanti, autora de "Minha guerra alheia"
Marina Colasanti, autora de “Minha guerra alheia” Foto: Alessandra Colasanti
01/02/2011

Marina Colasanti viveu a intimidade da guerra. Nascida em 1937, em Asmara, capital da Eritréia — então colônia italiana —, ela chegou ao Brasil aos 10 anos. É este período da infância, vivido em terras africanas e italianas, que as memórias de Minha guerra alheia percorrem com lirismo, humor e esperança. Mesmo no centro da Segunda Guerra Mundial — o pai de Marina era oficial do exército italiano —, o olhar da autora volta-se para o cotidiano, para a vida que segue seu ritmo, apesar do horror que a ronda o tempo todo. “A visão da guerra que nos é constantemente servida pela mídia é constituída por flagrantes de ações, fragmentos, uniformes mimetizados, poeira, explosões. O cotidiano está ausente, não é notícia. Foi dessa ausência que eu quis falar. E o fiz relembrando minha infância, utilizando o olhar atento com que toda criança apreende o seu entorno”, diz nesta entrevista concedida por e-mail.

Ao afastar-se de uma narrativa óbvia sobre a guerra e suas atrocidades, a autora atesta a força da literatura e dos livros, a capacidade da palavra escrita em buscar entender o caos do mundo. “Lendo livros aprendi o pouco que sei sobre ler a vida”, afirma. Ao fim da leitura de Minha guerra alheia, entende-se perfeitamente por quê. Ganhadora do prêmio Jabuti 2010 na categoria Poesia, com Passageira em trânsito, Marina Colasanti também fala nesta entrevista sobre literatura infanto-juvenil (ela lançou recentemente Classificados e nem tanto), o ambiente editorial brasileiro, a morte e a importância do deslocar-se, das viagens, na construção de sua obra, entre outros assuntos.

• Suas memórias em Minha guerra alheia têm um corte preciso: terminam no momento do embarque para o Brasil, quando a senhora tinha 10 anos. Por que a escolha deste período?
Porque o corte na vida foi radical, impôs uma outra língua, um outro país, uma outra realidade. E o fim definitivo da minha guerra que, aqui, havia sido vivida de maneira de fato alheia. Lembro que, no dia da chegada, indo de carro para casa com minha tia — a cantora lírica Gabriella Besanzoni Lage —, passamos diante de uma demolição e eu perguntei se no Rio também tinha havido bombardeios. Os adultos sorriram benévolos e comovidos, nunca mais fiz esse tipo de pergunta.

Minha guerra alheia aborda sua infância e os difíceis tempos da Segunda Guerra Mundial, entre a África e a Itália. Apesar das dificuldades que toda guerra impõe, infiltram-se pelo livro momentos de alegria, humor, amizade. Com isso, a leitura, sem perder em densidade, torna-se leve, agradável. O que a senhora pretendia quando tomou este caminho narrativo?
Nunca pretendi fazer uma exegese da guerra. Desejei mostrá-la pelo ângulo que não nos chega através dos noticiários da tevê, o cotidiano. Há dois cotidianos em qualquer guerra, o das tropas, e o dos civis. Mas a visão da guerra que nos é constantemente servida pela mídia não se pousa sobre nenhum dos dois, é constituída por flagrantes de ações, fragmentos, uniformes mimetizados, poeira, explosões. O cotidiano está ausente, não é notícia. Foi dessa ausência que eu quis falar. E o fiz relembrando minha infância, utilizando o olhar atento com que toda criança apreende o seu entorno.

• Qual a sua opinião sobre a famosa frase do escritor catalão Enrique Vila-Matas: “A infância é uma batalha perdida”?
Não discuto a frase de Vila-Matas, porque não sei em que contexto foi dita. De uma coisa, porém, podemos ter certeza: a infância foi, até o século passado, uma batalha de sobrevivência, morria-se muito na infância. Se quisermos ficar no tema bélico, podemos dizer que a batalha da infância se ganha ao desembocar na adolescência, pois são finalidades da vida o avanço e a superação das etapas. Peter Pan perde a batalha da infância quando, querendo mantê-la para sempre, a transforma em prisão.

• À página 15 de Minha guerra alheia, lê-se que “Não eram de grandes registros, meus pais, não deixaram documentos, datas, escritos. Até mesmo minha certidão de nascimento desapareceu”. Mais adiante: “A memória guarda o que bem entende, que nem sempre é o que se precisa guardar”. Durante a construção do livro, a senhora temeu ser traída pela memória, engolida por ela, e transformar Minha guerra alheia num híbrido entre ficção e memória?
Não. Em momento algum. Minhas lembranças são muito nítidas, seguras. Narrei o que lembro, fatos gravados em mim com grande intensidade, alguns porque foram determinantes, outros porque são parte ativa de toda uma construção. Vale dizer que o próprio período em que ocorreram, um período que sem medo de errar podemos chamar de risco, impunha atenção. Certamente, muitos momentos menores ficaram fora do relato, e outros tantos foram apagados pelo tempo. Mas nunca pretendi fazer um registro absoluto. O que, sim, pretendi a partir do planejamento do livro foi fazer uma fusão entre memória e reportagem.

• Por que a senhora optou pela ausência de fotografias em Minha guerra alheia, já que é comum o uso de imagens em livros de memórias?
Durante o processo de escrita pensei que as usaria, parecia-me quase óbvio que o fizesse. Mas quando o livro ficou pronto, hesitei. Afinal, o que eu tinha em mãos não era um livro apenas de memórias, a memória estava entretecida em algo bem mais amplo. Usar as fotos do meu álbum de família pareceu-me redutor, pois fecharia o foco sobre um registro pessoal, quando o que eu havia buscado era um discurso coletivo. E, afinal, as imagens ausentes estão presentes na narrativa, a descrição das fotografias que decidi não mostrar atravessa todo o livro, a começar pela cena inicial, o casamento dos meus pais. Narrar as fotos é um recurso literário generoso, pois deixa um espaço bem mais amplo e livre para o imaginário do leitor.

Marina Colasanti. Foto: Alessandra Colasanti

• A morte esteve muito presente em sua vida desde a infância, devido à proximidade com a guerra. O poema “Antes que”, de Passageira em trânsito, diz “Ler um bom poema/ antes que a morte venha/ e escreva o seu”. De que maneira a senhora encara a possibilidade da morte? Ela a assusta, a incomoda?
A morte esteve presente na minha infância não só em função da guerra. Naquele período ela bafejou na minha nuca em duas ocasiões, quando tive meningite, e quando tive um problema pulmonar. Tenho dialogado com ela na literatura e na vida, nem vejo como poderia ser de outro modo, já que temos um encontro marcado e não nos conhecemos. A morte é a experiência mais avassaladora da vida, é quando nos é entregue — ou não — a chave do grande mistério. Mas poucos estão à sua altura, preparados, de fato, para recebê-la.

• Ao ler sua obra poética e em prosa, nota-se claramente o seu gosto pela viagem, o prazer que conhecer (ou revistar) lugares lhe traz. Qual a importância deste deslocar-se para a construção da sua literatura?
Deslocar-me é importante para a construção de mim, e é através de mim que construo a minha literatura. Poderia simplificar dizendo que é um vício adquirido desde a gestação, desde quando, ainda no ventre da minha mãe, mudei pela primeira vez de continente. Entretanto, é muito mais que isso. Viajar é ser o outro plenamente, é o direito absoluto à alteridade. E quando você se torna o outro, todos os seus sentidos se abrem, porque a sobrevivência depende da sua capacidade de observar e apreender — estou falando, é claro, de algo bem além do tour turístico em ônibus com ar refrigerado e guia falando a mesma língua do viajante. Nesse sentido, toda viagem é mítica, rumo à descoberta do outro, que é também a descoberta de si. E todo viajante é um Ulisses, que atravessando o desconhecido e aprendendo com ele, regressa à sua própria casa.

• A senhora tem uma palestra, cujo título é Como se fizesse um cavalo, em que narra sua paixão pela leitura e a pessoa que poderia não ter sido se não tivesse lido determinados livros. Pode-se afirmar que a senhora existe, em alguma medida, a partir dos livros que leu?
Certamente. Não desse ou daquele livro, mas do todo, do meu estar sempre debruçada sobre alguma leitura. Não sei quem eu teria sido sem os livros que li. Ou melhor dito, sem os livros que me educaram. Pois foi, sobretudo, através da leitura que a vida se desdobrou para mim em infinitas facetas, infinitas variantes, de uma riqueza e de uma multiplicidade que nenhum cotidiano pode nos oferecer. O grande painel dos sentimentos humanos me foi entregue pela literatura. E também a arte me chegou desde cedo através dos livros, quando eu ainda não conhecia os grandes museus. Lendo livros aprendi o pouco que sei sobre ler a vida.

• Apesar da Segunda Guerra Mundial, a senhora cresceu imersa em um ambiente familiar propício à leitura. Este entorno foi fundamental na sua transformação em leitora?
Eu não me transformei em leitora. Nunca houve um tempo em que não o tenha sido, nem mesmo quando não sabia ler. Dizemos hoje que ser leitor não é apenas ler, é ter uma identidade profunda com os livros. Pois eu sempre a tive, sempre tive livros ao meu redor, sempre vi pessoas lendo, sempre leram para mim. Não houve, portanto, um momento de transformação, um salto, um livro revelador. Houve, desde o início, um profundo bem-estar, um aconchego completo entre as páginas impressas.

• Quais autores e livros compõem a sua biblioteca afetiva?
Não creio que você esteja me pedindo uma lista, e de qualquer modo eu me veria incapaz de fazê-la, pois minha biblioteca afetiva começou a ser formada já na infância, seria uma lista longa demais. Meu afeto, como leitora, se encontra prioritariamente acolhido por leituras não realistas. Para te dar um exemplo mais concreto, sou apaixonada pela coleção de literatura fantástica organizada por Borges, A biblioteca de Babel, magistralmente editada por Franco Maria Ricci; estão aí reunidos meus pontos de encantamento, universo fantástico, literatura de texto breve, e a sofisticação gráfica que me remete diretamente à arte. Isso posto, me ajoelho frente a romances grandiosos e perfeitos como Anna Karenina ou qualquer um dos de Dostoiévski, e gosto de ler ensaios e história.

• A senhora acaba de lançar o livro infanto-juvenil Classificados e nem tanto, com xilogravuras de Rubem Grilo. Quais as diferenças, dificuldades e preocupações ao escrever para um leitor em formação?
Não me preocupo com isso ao escrever. A formação do leitor me interessa quando penso ou atuo teoricamente, quando me ocupo das questões da leitura. Mas, como escritora, estou voltada para o texto, para a história, não para o leitor. Existe toda uma vertente da literatura infantil, que a considera veículo para ensinamentos. É um vestígio ideológico/educacional do século 19 do qual não nos libertamos até hoje. Eu não pertenço a essa vertente. Parece — e talvez seja — pretensioso, mas a minha meta, para leitores de qualquer idade, é fazer literatura. Acredito, firmemente, que a literatura seja, em si, formadora.

• A senhora se orgulha mais dos livros escritos ou dos lidos?
Dos que escrevi, é claro. Os que li são muito poucos frente aos tantos que deveria ter lido. E os poucos que li deveria tornar a lê-los várias vezes — como faço com os meus próprios livros antes de entregá-los ao editor — para ter certeza de que nada, ou quase nada me escapou. Muitas vezes li sendo inferior ao autor, abaixo das expectativas que ele certamente tinha em relação ao seu leitor. E não há dúvida de que fui, ao longo da vida, uma leitora menos culta do que o necessário, menos organizada do que o aconselhável, menos brilhante do que os tesouros que me caíram nas mãos.

• A senhora acompanha a literatura brasileira contemporânea? O que lhe chama a atenção na atual produção?
Aumentou. Publica-se muito mais hoje do que ontem, e apesar da metódica invasão dos best-sellers estrangeiros, sobretudo americanos, há mais espaço para o autor nacional. Os jovens, contam hoje também com o espaço da internet, quer para comunicar entre si e intercambiar trabalhos, quer para dar-se a ver aos olheiros do mercado; um blog interessante, com muita visitação, é passaporte de valor. A internet é também um dos fatores que abriram caminho para a literatura das periferias, vertente que vem ganhando força graças a pequenas editoras e ao volume do público potencial.

• A sua obra é composta por poesia, contos, memórias e ensaios. Em que gênero a senhora se sente mais à vontade? Qual deles a realiza mais como escritora?
Todos. O que me deixa à vontade é justamente a possibilidade de deslizar de um gênero a outro. Como na viagem, é mudando de gênero que me enriqueço, pois o que encontro ao me abrir para uma área é depois utilizado quando volto à outra. Embora diferentes, os gêneros funcionam como vasos comunicantes, sistema de doação através do qual tento alcançar novos patamares. Ainda agora, por exemplo, publiquei um livro de memórias, algo diferente de tudo o que eu havia feito anteriormente. Essa possibilidade de renovação, na minha idade, me enche de alegria.

• E como é o seu método de criação? Há uma rotina de trabalho?
A palavra rotina é enganadora. Dá logo a impressão de que o que me está sendo perguntado é se eu escrevo todo dia, de que hora a que hora, quando paro para almoçar, e quando paro para caminhar na praia. Essa rotina de funcionário público, não tenho. Nem poderia. Sou minha secretária, minha administradora, meu mordomo, minha cozinheira, e às vezes até minha costureira. Sou a dona das minhas duas casas. Viajo muito. Mas sou extremamente cumpridora. Minha rotina consiste em determinar, assim que acabo a escrita e a finalização de um livro, qual será o próximo. O novo projeto entra na minha vida no começo do ano. E a domina até estar terminado. Abro espaço físico para ele como Deus é servido. E mantenho sempre aberta a comunicação emocional/intelectual. Se o projeto se prolonga por mais de um ano, tenho dificuldades entre setembro e dezembro, que é quando se fazem mais intensas as solicitações para viagens e palestras. Mas sou um feitor competente e feroz, mantenho mão de ferro sobre meu próprio cangote. Até que acabe o projeto, dando-me direito a um mínimo descanso, para logo começar nova estiva.

• Que poder tem a literatura sobre o indivíduo? Qual a importância da ficção na vida cotidiana das pessoas?
A resposta poderia se alongar enormemente, vou tentar ser bem objetiva: através da literatura o leitor põe em ato algo muito semelhante à análise de grupo. Há, num romance, várias personagens que interagem, delas sabemos o que dizem, o que pensam, e o que sentem; o narrador onisciente se encarrega de nos transportar para dentro de cada uma delas, ao mesmo tempo que nos mostra o conjunto das ações e reações. O leitor é levado a olhar a vida de perto, e por dentro. E nesse olhar executa as transferências, identificando-se com isso ou com aquilo, elaborando seus próprios sentimentos. Quanto à ficção, eu diria que ela não existe, ou melhor, que tudo é ficção. O sonho e o cotidiano, o fato e seu relato são formados pelos mesmos elementos, tirados do pouco que conhecemos e que chamamos vida. E a realidade de um sempre será a ficção do outro.

• O mercado editorial brasileiro passa por uma profunda transformação nos últimos anos, com a chegada de grandes grupos estrangeiros. Há também uma quantidade muito expressiva de novos autores surgindo. Além disso, existem eventos literários (encontros, feiras, bienais, etc.) em todas as partes do país. Pode-se afirmar que há um ambiente mais favorável à literatura atualmente?
Há um ambiente mais favorável à leitura, certamente. Mas leitura e livros nem sempre são sinônimos de literatura. Aliás, em geral não o são. O momento, voltado para o entretenimento e para as massas, favorece a biografia do jovem astro de rock ou da recém estrela midiática, projeta mais o romance histórico do que a história, abre espaço para as mais insignificantes elaborações de auto-ajuda. Isso é livro, é mercado. Quanto à literatura, continua sendo destinada a quem pretende um mergulho bem mais intenso, a quem deseja aprofundar suas interrogações e não buscar respostas de pacotilha. Esses, já sabemos, estarão sempre em menor número.

• É inegável o avanço das tecnologias no mercado editorial, principalmente com o fortalecimento dos e-books e similares, além do poder da internet. Já é possível medir o impacto destas tecnologias sobre a literatura e os leitores?
Fazer medições ainda seria temerário. Porém o avanço da tecnologia é inegável, e tudo indica que os e-books vieram não só para ficar, como para evoluir — estamos apenas no começo de um processo. Há mais de uma década o mercado editorial se prepara para eles, ninguém vai ser pego de surpresa. Os contratos já contêm cláusulas a esse respeito, e já me foram propostos contratos em que se negociavam os direitos para toda e qualquer mídia “existente e por inventar”. O que o e-book fará com os leitores, veremos adiante. Parece bastante óbvio, porém, que pessoas treinadas desde a primeira infância com leitura em outros suportes se sintam muito à vontade diante de um tablet.

• A senhora viaja o Brasil para participar de encontros/palestras sobre leitura e literatura. De que maneira a literatura pode se infiltrar pela vida cotidiana das pessoas com maior força?
A questão não é infiltrar-se com maior força, mas infiltrar-se no cotidiano de um maior número de pessoas. Nosso desejo é que a literatura se infiltre com maior força no cotidiano do país, no nosso cotidiano cultural. Inúmeras ações estão em curso para isso. Podemos dizer que houve nos últimos anos um despertar de consciência, o Brasil percebeu que a leitura é elemento primeiro para o desenvolvimento. As ações são as mais variadas, e pipocam por toda parte. Há indivíduos agindo por conta própria como intermediários entre os livros e a comunidade — criando bibliotecas, gerando atividades leitoras com crianças e adultos —, há secretarias de Educação e de Cultura que apostam suas fichas nos livros, ou prefeitos que decidem transformar seu município em cidade leitora. Há estados que há muito se destacam nessas questões. E, mais recentemente, o governo federal deu um salto para frente, com a criação do Plano do Livro e da Leitura que acabou de divulgar as suas múltiplas realizações.

• Por que a senhora escreve?
Porque a escrita me mantém no universo da arte, e ao mesmo tempo legitima o meu olhar, esse olhar atento, sempre em busca dos detalhes, e nem sempre generoso. Não foi minha escolha profissional primeira. Me preparei para ser artista plástica. Mas a partir do momento em que comecei a escrever como jornalista, soube que sempre escreveria. Com a escrita vou em busca de coisas que nem sabia que estava procurando. E, às vezes, as encontro. Com a escrita pinto e costuro, cozinho e como, sofro e me curo do sofrimento, vivo uma, duas, três infinitas vidas, sem precisar sair da minha.

O que a senhora espera alcançar com sua escrita?
Duas direções orientam essa resposta. Uma, o que espero alcançar em relação aos outros, aos leitores. Outra, o que espero alcançar em relação a mim mesma. Em relação aos leitores, quero abrir espaços de reflexão, de surpresa. Que o texto não acabe quando lhe ponho um ponto, mas continue se abrindo em círculos concêntricos no imaginário do leitor, criando interrogações. Em relação a mim mesma, espero avançar. Que o texto consiga me contar coisas que não sei, que me pegue desprevenida. E que a palavra se torne cada vez mais precisa, até vibrar ao olhar para, como um cristal, emitir sua nota.

LEIA RESENHA DE MINHA GUERRA ALHEIA

Rogério Pereira

Nasceu em Galvão (SC), em 1973. Em 2000, fundou o jornal de literatura Rascunho. É criador e coordenador do projeto Paiol Literário. De janeiro de 2011 a abril de 2019, foi diretor da Biblioteca Pública do Paraná. Tem contos publicados no Brasil, na Alemanha, na França e na Finlândia. É autor dos romances Antes do silêncio (2023) e Na escuridão, amanhã (2013, 2ª edição em 2023) — finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, menção honrosa no prêmio Casa de las Américas (Cuba) e traduzido na Colômbia (Babel Libros) — e da coletânea de narrativas breves Toda cicatriz desaparece (2022), organizada por Luiz Ruffato.

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