Em O apanhador no campo de centeio, J. D. Salinger, o exército e a guerra (esta, de certa forma, para o protagonista, uma verdadeira instituição americana) sofrem o seguinte ataque de Holden Caulfield: “Acho que não ia aguentar se tivesse que ir para a guerra. No duro que não aguentava. Não seria tão ruim se pegassem logo a gente e matassem ou coisa parecida, mas a gente tem que ficar um tempão na droga do exército. Esse é que é o problema. Meu irmão D. B. ficou no exército quatro anos. Esteve na guerra mesmo — participou do desembarque do dia D e tudo — mas acho que ele detestava mais o exército do que a própria guerra. […] Depois, quando [D. B.] seguiu para a Europa e para a guerra, não foi ferido nem nada, e nem teve que atirar em ninguém. O único troço que ele tinha que fazer era dirigir o dia inteiro o carro de combate de um general de araque. Uma vez ele disse a mim e ao Allie que, se tivesse de atirar em alguém, não ia saber para que lado apontar. Disse que o exército estava praticamente tão cheio de filhos da puta quanto os nazistas”. O apanhador no campo de centeio, reafirmo, é um romance central do século 20. É um lúcido romance. Uma narrativa de protesto, provocativa, perturbadora. Ninguém sai o mesmo desse livro. Perde quem nunca o leu. Perde quem não sabe quem é Holden Caulfield.