Uma narrativa sobre a perda da inocência e a ditadura na Argentina dos anos 1970. Assim é o romance Pedra, papel, tesoura. Os personagens Alma, Carmen e Marito cresceram juntos, compartilham sonhos e segredos, entram na adolescência, se afastam e se reaproximam. Através dos olhos de Alma, menina nascida e criada na elite portenha, Inés Garland mostra o desmanche do universo seguro e acolhedor da infância para dar lugar a um mundo permeado pela violência e pelas barreiras sociais. Dividida entre a rígida educação católica da escola particular, ser a boa filha que os pais esperam e o romance secreto com um rapaz “não adequado” para ela, Alma vê essas esferas perderem seus contornos e se fundirem à medida que se torna adulta e começa a enxergar o mundo para além da sua bolha. No hiato de um ano que entremeia as duas partes do livro, acontece o golpe que instauraria em 1976, na Argentina, a ditadura militar — que ao longo de sete anos tiraria a vida de cerca de 30 mil pessoas. A narradora, entretanto, sabe pouco ou quase nada sobre o que está acontecendo no país.