Meu filho aprendeu a contar até vinte e seis. Na verdade, ele decorou os números até vinte e seis e agora ele quer fazer a mesma coisa em inglês. Porém, na maioria das vezes, ele só se lembra do número seguinte recomeçando a contar do um. Acabamos de ter um (longuíssimo) diálogo mais ou menos assim:
Como é um em inglês?
One.
E dois?
Two.
E… um, dois, três. Três?
Three.
E… um, dois, três, quatro. Quatro?
E assim até o vinte e dois. O vinte e três não quis saber.
Twenty three.
É exaustivo e fascinante. Poucas horas antes, um pequeno incidente doméstico: ele rabiscou a mesa de jantar. O pai, ao ver aquilo, lembrou que não era legal, que na nossa casa desenhamos no papel e que precisamos cuidar das nossas coisas.
É só passar um pano molhado que sai. Quer ver? Me dá um pano molhado.
O pai disse que não tinha pano molhado ali.
É só colocar água em um pano seco, então.
Vencido, o pai entrega o pano molhado. E o menino esfrega a mesa, sem sucesso.
É, papai, infelizmente não tá saindo.
Infelizmente. Um advérbio de modo, doze (twelve) letras e um significado relativamente complexo. Absolutamente bem empregado. Pelo mesmo menininho que chama framboesa de frangoesa. E que, dia desses, tava andando no parque ao mesmo tempo em que bebia água e bateu de cara numa árvore. É exaustivo e fascinante.
Mas esse negócio de ver um ser humano aprendendo a se comunicar, errando e acertando, descobrindo, investigando e inventando aquilo que não sabe, é encantador.
E, felizmente tá acontecendo aqui, bem na minha cara.