“Volto semana que vem” Ă© o que a narradora deste livro responde ao pai ao sair de casa num dia de 1970, quando ele pergunta, espantado, aonde ela vai. “Mais de dez anos se passaram atĂ© eu voltar Ă quela cozinha”, conclui ela em seguida. Composto por recortes de memĂłria, o livro Ă© um documento sobre os tempos da ditadura militar brasileira, alĂ©m de um inventário de memĂłrias. De forma fragmentada, o leitor conhece, aos poucos, a infância da narradora-personagem em Porto Alegre, os tempos de escola e de faculdade, a entrada na militância polĂtica contra o regime ditatorial e a sĂ©rie de violĂŞncias que se seguiram, consequĂŞncias de sua opção por nĂŁo querer viver Ă margem dos acontecimentos. No texto de apresentação, o escritor e crĂtico gaĂşcho LuĂs Augusto Fischer destaca que “toda memĂłria Ă© uma forma de confrontar a morte. A morte que vem pela frente, inevitável, mas tambĂ©m a morte que vem do passado, já consumada”.