“Quem ganha pouco nunca esquece o dia de pagamento”, crava a narradora no início do quarto livro da autora curitibana, dando uma amostra do que está por vir: uma crônica urbana e carregada do peso da realidade sem floreios, aquela na qual há muitas contas, amores duvidosos, bebedeiras e a necessidade de, vez ou outra, matar a vontade de comer um prato de arroz, feijão (preto) e ovo. Quem conta a história, em forma de diário e ambientada pouco antes da Copa do Mundo de 2010, é Mercedes — mulher que desistiu de tentar levar uma vida de comercial de margarina, casada e bem-sucedida, e abandou o emprego sonhado por muita gente, o de roteirista de TV, para cair no caos de São Paulo. “Um encontro íntimo com uma vida comum, de comovente humanidade, num texto que cumpre sua mais nobre função: manter o leitor lendo”, anota o cineasta Jorge Furtado na quarta capa. “Em tempos de mentiras e pós-verdades, Uma mulher sem ambição nos lembra que nada é mais real que um romance.”