Em seu mais novo livro de crônica, a mineira Cidinha da Silva escreve sobre as turbulências vividas pelo povo brasileiro na virada de 2022 para 2023, que, entre outras agruras, estava sob o gatilho de um novo processo hiperinflacionário. A obra é dividida em três partes: Carcará mostra as relações mais diretas com as ancestralidades a partir da visão dura de mundo, incluindo os desdobramentos políticos; João-de-Barro traz reflexões sobre o mercado editorial e o ofício da escrita; e no terceiro bloco, Bem-te-vi, Cidinha evoca a apaziguação, o amor, o reencontro com uma possível paz interior exteriorizada. O livro conta ainda com ilustrações de Òkun, que trazem o sentido estético-visual contido no título do conjunto, as “Tecnologias ancestrais”. Com mais de 20 livros publicados, Cidinha da Silva foi premiada em 2019 pela Biblioteca Nacional por sua coletânea de contos Um Exu em Nova York, em que apresenta uma perspectiva contemporânea e ficcional do cotidiano, sobre temas como política, crise ética, racismo religioso, perda generalizada de direitos (principalmente por parte das mulheres), negros e grupos LGBT.