Neste conjunto de poemas que flertam com formas orientais, a psicanalista Fátima Pinheiro parece buscar a clareza da expressão para dizer sim às coisas todas, como elas são, ciente de que não é possível enquadrá-las em fórmulas rígidas. Não à toa, a certa altura o eu lírico crava: “este poema não quer ser escrito:/ a ordem é destruir regras óbvias”. Nessa levada, que talvez flerte com a ideia leminskiana de poesia como inutensílio, a autora ressignifica a estranheza da vida como ela é.