A recorrência da palavra “talvez” nos versos do poema de abertura indica um caminho de leitura para esse conjunto. O eu lírico, ao longo das 40 manifestações, dificilmente toma partido — prefere, antes, a dúvida. Em Instrução, por exemplo: “O que estudei/ (muito)/ esqueci./ Hoje tenho/ saudades/ do que não li”. Trata-se de uma entidade crente no torpor, avessa à palavra amor, ciente de que “poesia é tudo sem/ valor”.