“Ontem Ă© hoje. AmanhĂŁ Ă© hoje. Tudo o que nos forma Ă© hoje.” A partir dessa premissa, o primeiro romance do autor baiano parece trazer a ideia de movimento como protagonista — por mais que inĂşmeros personagens tambĂ©m habitem esta obra — que teve 20 versões e foi finalista dos prĂŞmios Sesc e Cepe de 2017. Apoiando-se no realismo fantástico, em uma narrativa fragmentada e de cortes rápidos, Mirdad elabora um universo ficcional em que a costa africana e as cidades interioranas da Bahia se conectam, com figuras como um goleiro que faz defesas sobrenaturais, um artilheiro que Ă© chefe do tráfico e uma jovem negra que tem visões com entidades. Nessa mirĂade de narrativas, o criador e coordenador geral da Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira) acaba explorando questões que acompanham os homens desde os primĂłrdios, como as guerras por territĂłrio e as tensas narrativas e relações sociais baseadas em micropoderes, no que se insinuam crĂticas Ă elite de um paĂs desigual e o sofrido desenvolvimento da nação.