O tagarela foi publicado em 1946 na França, pela Gallimard. Sem provocar muita repercussĂŁo inicialmente, a novela em forma de monĂłlogo veio a se tornar mais cĂ©lebre quando o principal crĂtico literário francĂŞs da Ă©poca, Maurice Blanchot, escreveu um ensaio entusiasmado que acompanhou a reedição do livro em 1963. Nele, o crĂtico afirma que o leitor Ă© convidado a “um jogo de atração e repulsa, do qual nĂŁo escapa ileso”. O livro ganha agora sua primeira edição no Brasil, acompanhada do já citado texto de Blanchot, A palavra vĂŁ. O narrador Ă© um personagem anĂ´nimo, um homem atormentado por sua incĂ´moda presença no mundo. O fato deflagrador de sua loquacidade Ă© simples: depois de experimentar sensações ambĂguas durante uma caminhada atĂ© uma falĂ©sia, o personagem, sob efeito do álcool numa boate, se vĂŞ num sĂşbito triângulo formado por uma mulher que ele convida para dançar e seu namorado. A situação o leva a soltar o verbo descontroladamente diante dos dois, sofrendo daquilo que chama de crise de tagarelice. Sua exasperação se transforma numa espĂ©cie muito particular de suspense, que o acompanha atĂ© o dia seguinte, quando outro encontro provoca novamente uma perturbação.