O protagonista deste romance é um escritor e intelectual paulistano, branco, de classe média, sujeito às contingências (e sobretudo aos privilégios) de sua origem. Aos 40 anos, porém, ele descobre ter uma doença terminal. O Brasil, por outro lado, também parece estar muito pouco saudável política e socialmente: mergulhado num regime autoritário, em que livros são banidos e as liberdades individuais estão constantemente ameaçadas, num momento em que as diferenças entre classes só aumentam e a pobreza e o desalento da população parecem tocar o fundo do poço. Autor do elogiado romance O pai da menina morta, Ferro exercita uma veia ficcional que mistura, em doses iguais de inconformismo e despudor, o romance e o ensaio, a fabulação e o comentário político, a meditação pessoal e a escatologia, fazendo um retrato — duro — do Brasil em qualquer tempo.