Fim-do-Mundo, o espaço onde habitam os protagonistas deste romance de Lilia Guerra, é uma espécie de Macondo periférica: encapsula todas as dores (muitas) e as delÃcias (igualmente vastas) dos habitantes que levam horas dentro de ônibus apinhados para chegar ao serviço todos os dias. Um lugar onde meninos morrem cedo nas mãos da polÃcia ou nas guerras do tráfico. Onde paus-d’água, sentados em cadeiras de plástico, são os comentaristas da vida do bairro. Um espaço pulsante, mas muitas vezes relegado à s notÃcias eivadas de preconceito social e de classe. Na narrativa, uma trabalhadora doméstica, que vive na periferia, ocupa o centro da vida social graças à sua sensibilidade, simpatia e humanidade. A autora, Lilia Guerra, nasceu em São Paulo em 1976 e trabalha como auxiliar de enfermagem na capital paulista. Além de O céu para os bastardos, também publicou Perifobia, rua do larguinho e Amor avenida, entre outros livros.