O nome da paulistana Mariana Ianelli, editora de poesia do Rascunho, não é estranho àqueles que se dedicam aos versos: são mais de 20 anos transitando pelos possíveis e impossíveis dos poemas, em uma jornada que começou com Trajetória de antes, em 1999, e segue firme. Em sua publicação mais recente, a autora traz a fábula e o espanto para o centro de seu trabalho, que mistura versos e prosa — sem medo das reflexões e de explorar as potencialidades da linguagem, utilizando vozes que se contrapõem e vão criando diferentes sombras ao longo do livro. As epígrafes da obra, aliás, mostram que Mariana está sempre em boa companhia: Hilda Hilst, Rilke e Lorca são alguns dos autores citados. “Sua poesia é assim repleta de sinais, e sinais que nos convocam a um ritual de iniciação. Em cada poema uma provocação e também uma carícia de asa invisível ‘vinda de onde ninguém sabe’”, registra André Seffrin no texto de orelha, reiterando que Ianelli é, hoje, uma das poetas mais importantes do Brasil.