🔓 Minhas janelas

Em "Minhas janelas", o leitor reencontra um dos grandes nomes da crônica brasileira em sua forma mais íntima e luminosa
Minhas janelas
Paulo Mendes Campos
Companhia das Letras
312 págs.
01/12/2025

Em Minhas janelas, o leitor reencontra um dos grandes nomes da crônica brasileira em sua forma mais íntima e luminosa. A coletânea reúne textos provenientes de livros como Cisne de feltro, Alhos & bugalhos, Artigo indefinido e O gol é necessário, compondo um painel que evidencia a delicadeza, o humor sutil e a precisão afetiva de Paulo Mendes Campos. Cada crônica funciona como uma abertura para o mundo — uma janela que tanto revela paisagens externas quanto reflete o próprio narrador, sempre atento às minúcias do cotidiano e aos lampejos poéticos escondidos nos gestos mais simples.

Figura central da prosa brasileira do século 20, Mendes Campos soube transformar a observação diária em espaço de descoberta. A janela, metáfora presente em vários de seus textos, simboliza esse olhar que se abre ao mesmo tempo para a cidade e para dentro de si. Escrever, para ele, era instalar-se diante dessa moldura e permitir que luz, memória e imaginação encontrassem passagem. Assim, vidas anônimas, ruas do Rio, cenas domésticas, lembranças mineiras e reflexões sobre a própria escrita emergem com uma naturalidade que parece dispensar esforço, mas que revela ofício rigoroso.

As crônicas aqui reunidas percorrem temas diversos — infância, amizade, literatura, futebol, a fugacidade do tempo — e mantêm sempre a marca do estilo do autor: uma prosa leve, por vezes melancólica, mas nunca amarga; irônica, mas sem cinismo; sensível, sem cair na pieguice. A aparente simplicidade de seus textos esconde uma profunda inteligência emocional, que faz da crônica um gênero capaz de tocar tanto a vida cotidiana quanto a meditação metafísica.

Em Minhas janelas, o cronista oferece uma arte de ver e de lembrar. Ele acolhe o instante, o objeto e o gesto, e os transforma em matéria literária, sempre consciente de que cada detalhe guarda uma revelação. Ao abrir suas janelas, o livro permite ao leitor experimentar essa mesma forma de atenção: a percepção de que o mundo, observado com delicadeza, devolve ecos que ajudam a compreender não apenas o que está lá fora, mas também aquilo que carregamos dentro.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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