“NĂŁo quero ser menina. TambĂ©m nĂŁo quero ser menino. Tudo o que eu quero Ă© ser eu.” Quando Maia Kobabe nasceu, no fim dos anos 1980, nas imediações de San Francisco, foi identificada como menina. Desencanada e hippie, sua famĂlia nĂŁo parecia se preocupar muito com os cĂłdigos de gĂŞnero na educação dos filhos, mas, assim que passou a conviver com outras crianças, Maia notou que nada daquilo que teimava em encaixar seu corpo e personalidade no gĂŞnero feminino — roupas, brinquedos, gestos, pronomes — correspondia Ă sua autoimagem. Por que uma menina nĂŁo pode nadar sem camiseta? Maia saiu do armário duas vezes: primeiro, como bissexual, durante o ensino mĂ©dio. Mais tarde, na faculdade, como assexual (alguĂ©m que nĂŁo sente ou sente pouca atração sexual por outra pessoa, independentemente de gĂŞnero). Nesta HQ autobiográfica, Maia narra esse processo de questionamento dos padrões de gĂŞnero, transição e afirmação, atĂ© adotar o gĂŞnero queer — palavra que perdeu seu primeiro sentido, de “nĂŁo convencional, excĂŞntrico”, para abarcar inĂşmeras possibilidades.