No segundo romance do autor baiano, João de Isidoro parece ser vítima e algoz de um Brasil em que modernidade e atraso se combinam. Ambientada no Nordeste dos anos 1960, a narrativa mostra como tentar enganar um pai de santo não é das melhores ideias. João recebe uma tarefa: deve descer o rio São Francisco até Penedo, em Alagoas, e levar um pó que atrai mulheres para o senhor de engenho Francisco dos Anjos. Quando o personagem entrega um material falso, e fica com o verdadeiro para si mesmo, acaba virando empregado cativo de Francisco — situação que vai fazê-lo lidar com a aparição de uma figura folclórica e, em outro momento, com a do que poderia ser um lobisomem, mas não passa de um homem necessitado. “Se, como disse Picasso, a arte é uma mentira que permite revelar a verdade, Eu, que não amo ninguém, por ocultar de forma habilidosa os aspectos mais brutais de um Brasil patriarcal, desigual e violento numa história de costumes, é verdadeira literatura”, anota Estevão Azevedo sobre esse universo em desencanto.