O estranhamento causado pelo título do quinto livro de poemas da autora paranaense radicada no Amazonas já oferece um vislumbre da dissonância entre o mundo e o que é capturado pelo eu lírico. Sob uma áurea melancólica, uma voz — que parece sempre aflita — canta seu descolamento da realidade: “O mundo vibra/ como se EU assistisse assombrada/ aos dramas de uma vida”. Em meio à agonia de transitar como que às margens dos rios, sem o prazer de adentrá-los, a fabulação se mostra uma saída: “De verbo e sonho,/ crio um mundo novo/ e entro nele para não morrer”.