Se no romance LĂ´, de 2018, Tony Bellotto deu voz a um pai de famĂlia exemplar e bem-sucedido — atĂ© que as máscaras caĂssem, Ă© claro —, neste Dom a narrativa Ă© de declĂnio, menos preocupada em forjar falsas esperanças para o personagem que dá nome Ă obra. Pedro Dom nĂŁo nasceu relegado Ă margem, mas escolheu o caminho mais difĂcil — para sustentar o vĂcio em cocaĂna ou simplesmente pela emoção de roubar, viver em constante estado de adrenalina. Jovem da classe mĂ©dia carioca e filho de um agente da polĂcia aposentado, que teve um papel sombrio durante a ditadura militar, o protagonista irá se tornar chefe de uma quadrilha de roubo de residĂŞncias e acabar conforme o esperado pelo caminho que escolheu: fatalmente baleado aos 23 anos. Como pano de fundo, um Brasil — dos anos 2000 — pouco estranho Ă queles minimamente acostumados Ă s notĂcias diárias, no qual a máquina estatal corrupta rivaliza com os verdadeiros desalentados e perpetua um caos permanente para todos os lados.