A novela Devastação marca o retorno de José Castello à ficção após 15 anos. Seu último romance, Ribamar, foi lançado em 2010 e venceu o Prêmio Jabuti daquele ano. Na nova incursão à prosa, Castello narra quatro horas na vida de Anita Vogler, uma senhora idosa e doente, confinada em um velho apartamento de Copacabana e cercada pela tensão, pela solidão e pelo colapso dos vínculos familiares e da própria realidade. A protagonista está isolada em seu quarto, em meio a uma tempestade, a um eclipse solar e à presença silenciosa de um bando de pombos e um cão esfaqueado. Com o corpo em falência, vive com a cuidadora, com quem tem uma relação difícil, e com o neto, que se esconde atrás da tela de um computador. Enquanto o tempo desaba ao seu redor, Anita também se vê presa às imagens do espelho que herdou da avó — único elo com algo que um dia poderia ter sido sua memória ou sua identidade. A narrativa, construída com precisão e grande carga simbólica, aprofunda o estilo do autor, conhecido por sua escrita densa e subjetiva. Com Devastação, José Castello se aproxima mais uma vez da vertigem dos limites: entre o real e o imaginado, o corpo e o delírio, a linguagem e o silêncio. “Devastação é a história de um mundo em decomposição, um mundo que se fragmenta e que entra em colapso”, diz o autor sobre a narrativa. “Tanto Anita Vogler como seu neto Artur estão retidos em um universo no qual os limites explodiram, um mundo precário e agonizante, de grande instabilidade, no qual fronteiras destroçadas impedem qualquer separação entre a realidade e suas imagens.” Além de ficcionista, José Castello é um dos mais atuantes e destacados críticos literários do país. Entre seus livros de não ficção, destacam-se Inventário das sombras, uma inventiva coletânea de ensaios sobre escritores brasileiros e estrangeiros, Na cobertura de Rubem Braga, retrato da vida do cronista capixaba, e O poeta da paixão, biografia de Vinicius de Moraes. É autor ainda de Fantasma, romance que se passa em Curitiba e tem Paulo Leminski como um dos personagens. Nos anos 1980, Castello foi editor dos cadernos Ideias/Livros e do Ideias/Ensaios, ambos do Jornal do Brasil, à época importantes suplementos sobre livros da imprensa brasileira. Colaborou com regularidade com os suplementos EU&, do Valor Econômico, e Aliás, do O Estado de S. Paulo. Foi colunista do Prosa&Verso, do jornal O Globo, e hoje escreve mensalmente no Rascunho e na revista Pernambuco.