A mineira Ana Elisa Ribeiro é conhecida por suas saborosas crônicas, além de ser uma talentosa poeta. Em Causas não naturais, ela mostra sua faceta de contista. Os afetos, os laços — feitos, desfeitos e os jamais construÃdos —, assim como a vida, a morte e a sobrevida em condições precárias e absurdamente naturalizadas, são motes para os contos, narrados ora em primeira, ora em terceira pessoa. As histórias são ambientadas em espaços que podem variar da intimidade de simpáticas casas da classe média baixa, até os lamaçais de crimes ambientais escandalosos, onde as violências, micro e macro, mostram a cara o tempo todo. Há variação também nos nÃveis de frieza e lirismo com que uma morte e um amor, por humanos ou animais, podem ser narrados. Ana Elisa Ribeiro, cronista do Rascunho, compõe cenas que fascinam tanto quanto enojam, surpreendendo o leitor com viradas comoventes ou aterradoras.