O romance de estreia de Lima Trindade se passa durante os anos de construção de Brasília, no final da década de 1950, idealizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek para ser a nova capital federal. A narrativa, como é característica da ficção moderna e com fortes bases históricas, parece problematizar o progressismo incutido na máxima do governo à época, “50 anos em 5”, ao investigar a vida de personagens que fizeram parte da elaboração da Capital da Esperança, inaugurada em 21 de abril de 1960. Para além de um cenário ideal, o livro acompanha as trajetórias de pessoas que estão vivenciando o suposto sonho feito realidade — Leda, Rubem, Zaqueu, Mauro e aqueles sem os quais nada seria possível, os operários — chamados “candangos” —, e como eles acabaram relegados às margens desse paraíso urbanizado, habitando cidades-satélites que acabaram se transformando em favelas devido ao desleixo do prefeito em atividade, Israel Pinheiro.