Vencedor do prêmio Jabuti em 2022, o primeiro livro de contos de Eliana Alvez Cruz traz temas comuns na abordagem literária da escritora, tal como crítica social, referências à ancestralidade africana e forte pesquisa histórica. A vestida traça um painel do Brasil de ontem e de hoje, de um país que não se move em questões que são centrais para a maioria de sua população. Ao desenhar essa paisagem, Eliana não se desvirtua, no entanto, em oferecer bons enredos: seja descrevendo a cidade de Justiçópolis, do conto Cidade espelho, ou o desconforto de Flávio, personagem de Oito e oitenta, com o seu filho. Ou ainda nas precipitações de Marilene, no conto Noite sem lua. A carioca Eliana Alves Cruz fez sua estreia com o romance Água de barrela, vencedor do prêmio Silveira Oliveira, da Fundação Palmares, em 2015, e é autora ainda dos elogiados O crime do cais do Valongo (2018), Nada digo de ti, que em ti não veja (2020) e Solitária (2022).