Quarto livro de poemas do André Caramuru Aubert, A poesia que há reúne versos escritos entre setembro de 2018 até o mesmo mês de 2020. Dividido em duas partes, praga & ossos e carne & alma, o conjunto de 72 poemas capta as turbulências políticas que o Brasil enfrentou recentemente e todo o horror causado pela pandemia da covid-19. De acordo com o autor, como poetas não vivem em torres de marfim, seria impossível não se deixar influenciar pelo clima sombrio que tomou conta do país. A exemplo dos versos de conradianas: “o que dizer de todas as coisas que todos os dias são uivadas/ e berradas/ com o desassossego típico dos boçais, o que dizer/ de todos os atos perpetrados,/ de toda a maldade, de tudo o que de mais inominável emerge,/ parece que do nada, para assombrar/ a todos nós, de dia e de noite, sem descanso, e o que dizer/ do coração da treva, do horror, o horror”. O livro ainda traz também narrativas mais líricas e sensuais. Nascido em São Paulo (SP), em 1961, Aubert é autor de se / o que eu (poesia, 2019) e Poesia chinesa (romance, 2018). Mensalmente, traduz autores estrangeiros para o Rascunho.