A menina que nĂŁo fui, de Han Ryner, Ă© um romance precursor da literatura LGBTI+, atĂ© entĂŁo inĂ©dito em lĂngua portuguesa. Por meio de cartas, diários e confissões, Taulane narra em primeira pessoa os diversos impasses que enfrentou em sua vida, nĂŁo apenas devido a seus desejos, mas tambĂ©m Ă sua prĂłpria identidade. Homossexual e ĂłrfĂŁo, ele Ă© atormentado desde a infância por sua atração pelo sexo masculino e por um possĂvel desconforto em seu gĂŞnero. Nas primeiras páginas, o leitor se depara com uma pessoa que decide contar por escrito seus conflitos internos numa sociedade ainda hipĂłcrita, que hesitava entre religiĂŁo e laicidade, e que via na homossexualidade uma patologia. François Ă© apelidado de “mulherzinha” e de “rainha Françoise” pelos colegas que por ele sentiam tanto desprezo quanto atração. A edição tambĂ©m traz uma sĂ©rie de aparatos crĂticos, como o caderno de imagens coloridas, e textos de apoio para a leitura como o prefácio de JoĂŁo SilvĂ©rio Trevisan, O menino que era rainha, alĂ©m do posfácio escrito pelo pesquisador e tradutor do livro, RĂ©gis Mikail.