Após transitar pelos contos em Rua de dentro, lançado no ano passado, o autor carioca volta às crônicas em sua publicação mais recente. Apesar dos gêneros diferentes, o Rio de Janeiro continua servindo como palco para suas narrativas. Nos textos de A lua na caixa d’água, Moutinho adiciona um elemento a mais: na terceira parte da obra, intitulada Uma carta para 2065, há uma espécie de testamento literário para sua filha, para que ela possa desfrutá-lo quando completar 50 anos. As duas outras seções, Turbilhão de estrelas pequeninas e Essa cidade pecaminosa e aflita, navegam pelas memórias de infância e adolescência do narrador, no bairro de Madureira, passam pela experiência da paternidade e visitam outros cantos da Cidade Maravilhosa. De acordo com Luiz Antonio Simas, que assina a orelha da obra, o prosador escreve a respeito daquilo “que, de tão grande, só pode ser exprimível na miudeza de seus desacontecimentos: a vida”.