(04/12/20)
A editora 34 acaba de lançar O spleen de Paris, que reúne anedotas, reflexões e epifanias (“pequenos poemas em prosa”) do francês Charles Baudelaire. O volume conta com tradução de Samuel Titan Jr. e texto de apresentação do escritor e cineasta argentino Edgardo Cozarinsky.
Após As flores do mal, publicado em 1857, Baudelaire dedicou os derradeiros anos de sua vida a um último projeto: escrever poesia além do âmbito do verso, inspirado por suas andanças pela capital francesa e pelo spleen da cidade, ou seja, pela “melancolia irritada” que seus becos e habitantes evocavam.
Retratando com cumplicidade os personagens miúdos da vida urbana — os pobres e as prostitutas, os velhos e as crianças, os saltimbancos sem vintém e os cães sem rumo —, o poeta criou uma “galeria de criaturas em que palpita a matéria romanesca”, em 50 textos curtos.
Charles Baudelaire nasceu em Paris, em 1821. Órfão de pai aos cinco anos, passou a infância e a adolescência entre Lyon e Paris, onde a duras penas terminou o liceu. Tendo recebido parte da herança paterna em 1842, entregou-se à vida boêmia, vivendo como dândi, colaborando com jornais e entregando-se ao álcool e aos alucinógenos.
Em 1857 reuniu sua produção poética no volume As flores do mal, obra que lhe valeu a fama e uma condenação por imoralidade, culminando na apreensão do livro. Em 1860 publicou Os paraísos artificiais, sobre sua experiência com ópio e haxixe, e no ano seguinte saiu a segunda edição das Flores do mal, expurgada de seis poemas, mas acrescida de 32 novos textos. Após sofrer um acidente vascular, é levado de volta a Paris, onde falece em 1867.