Em Virgindade inútil: novela de uma revoltada, em pré-venda pela Carambaia, Ercilia Nogueira Cobra combina sátira, drama e argumentação naturalista para desenvolver um libelo contra o patriarcado.
Publicada originalmente em 1927, a obra da autora paulista — nascida em 1891, em Mococa — se passa na Bocolândia. Habitado por bocós, esse local mantém o analfabetismo para que seu povo continue estúpido.
Nesse mesmo tom questionador e de vanguarda, Ercilia constrói uma protagonista que é pró-aborto e simpatiza com o lesbianismo. A narrativa, que já tratava de temas que ainda hoje são espinhosos, foi censurada pelo Estado Novo e acredita-se que a autora tenha sido presa.
Para jogar luz em uma trajetória pouco conhecida, a pesquisa Maria Lúcia de Barros Mott assina uma biografia da escritora, incluída na edição da Carambaia, e a historiadora Gabriela Simonetti Trevisan é responsável pelo posfácio da obra.