🔓 Vidraça_agosto_2010

13/12/2011

Amor de graça
Formado numa oficina literária da década de 80, um grupo de escritores do Rio de Janeiro planeja lançar, na Flip, o projeto Estilingue. Trata-se de uma idéia que mistura o sistema de cooperativa ao conceito de bookcrossing, que propõe abandonar livros em lugares públicos com o objetivo de fazê-los circular pela comunidade. No caso, os sete idealizadores do Estilingue — Cristina Zarur, Miriam Mambrini, Marilena Moraes, Nilma Lacerda, Vânia Osório, Sônia Peçanha e Alexandre Brandão — produziram a coletânea de 14 contos Amores vagos, apresentada por Luiz Ruffato, e vão distribuí-la gratuitamente aos hóspedes de algumas pousadas de Paraty.

Livro falante
E, por falar em Flip, a notícia é velha, mas vale um comentário. Lou Reed não veio ao Brasil. Tudo bem. Mas de pronto me vem à cabeça a sua canção “Talking book”, de meados da década de 90: “I wish I had a talking book/ that told me how to act and look”. Ainda não sei como os versos ficaram na tradução de Christian Schwartz e Caetano Waldrigues Galindo para a Companhia das Letras, mas, livremente, arrisco algo como “gostaria de ter um livro falante, que me dissesse como agir e que aparência manter”. E por aí vão os desejos do sujeito. Dá, sim, para entender a lamentação de Lou, e quem sabe estendê-la um pouco mais. Se ele tivesse o tal livro falante, poderia tê-lo mandado para cá, como seu representante oficial.

Mayra Dias Gomes

Literatura total
O bem-amado está em alta — no teatro ou no cinema, com Marco Nanini e grande elenco, sob a direção de Guel Arraes, e em edição especial da Bertrand Brasil. E a mesma maré que lançou Dias Gomes de volta às praias da mídia de certa forma também favoreceu sua filha, Mayra Dias Gomes, de 22 anos, autora dos livros Fugalaça e Mil e uma noites de silêncio. Mayra é mais uma escritora brasileira a posar nua numa revista masculina, a Sexy. Depois de Fernanda Young estampar a capa da Playboy de novembro passado, já há quem avente a possibilidade de estarmos vivendo uma nova tendência. Também não faltam literatos e beletristas dispostos a apostar em quem será a próxima a aderir à moda. E mais: se a febre se disseminar entre os homens — por que não? —, quem seriam os candidatos naturais ao desnudamento? Isso é que é divulgação.

Cavala e papagaio
O Sesc, em parceria com a editora Record, lança este mês os dois livros ganhadores do Prêmio Sesc de Literatura 2009. Os vencedores foram Prosa de papagaio — na categoria romance —, da diplomata mineira Gabriela Gazzinelli, de 28 anos, e Cavala — na categoria conto —, do jornalista carioca Sérgio Tavares, de 31. As inscrições para a edição do prêmio do ano que vem já estão abertas e vão até o dia 30 de setembro. Mas atenção: só podem ser inscritos trabalhos absolutamente inéditos. Confira o regulamento e outras informações importantes no site.

Gauchão
E já começou o Campeonato Gaúcho de Literatura. Trata-se de uma iniciativa semelhante à de Lucas Murtinho, que, desde 2006, promove, na internet, a Copa de Literatura Brasileira (por sua vez inspirada no Tournament of Books, da revista eletrônica norte-americana Morning News). Do primeiro Gauchão, no entanto, só participam livros de contos publicados por autores gaúchos nos anos de 2008 e 2009. São 27 obras, divididas em nove grupos de três competidores cada um. E a coisa vai longe: para a segunda fase, se classificarão 15 livros, separados em cinco grupos de três. Para a semifinal passarão seis obras, dispostas em dois triangulares, cujos vencedores disputarão a final. Para acompanhar de perto o torneio e torcer por seus favoritos, acesse o site do Gauchão: www.gauchaodeliteratura.com.br.

Paiol em setembro
O Paiol Literário — projeto realizado pelo Rascunho em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba e o Sesi Paraná — pulou os meses de julho e agosto devido às reformas no Teatro Paiol, na capital paranaense. Mas já temos as datas para os dois próximos encontros: 23 e 29 de setembro. Ainda falta confirmar o nome dos convidados. Sugestões? É só escrever para [email protected].

Piva e o cinema holandês
Morreu no dia 3 de julho, em São Paulo, aos 72 anos, o poeta paulista Roberto Piva, autor do já clássico Paranóia, livro lançado em 1963 e considerado a sua obra-prima. Deixo aqui um trecho de sua pequenina autobiografia, publicada pela L&PM em 1985, na Coleção Olho da rua, e que resume bem o seu autor: “A minha vida & poesia têm sido uma permanente insurreição contra todas as Ordens. Sou uma sensibilidade anti-autoritária atuante. Prisões, desemprego permanente, epifanias, estudos das línguas, LSD, cogumelos sagrados, embalos, jazz, rock, paixões, delírios & todos os boys. O cinema holandês informará”.

Rascunho