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Bernardo Kucinski. Foto: Divulgação
03/01/2014

Para novos tempos
Do ano de 2006 e um projeto em que álbuns de música davam origem a histórias de ficção, com PDFs para download gratuito, a Mojo Books volta em 2014 reformulada, expandindo sua área de atuação também para não-ficção, quadrinho e produtos derivados das publicações. Certas apostas do projeto original, no entanto, serão mantidas, como o foco no formato digital e crowd shaped. A “casa de idéias” (eles preferem o termo a “editora”) fundada por Danilo Corci e Ricardo Giassetti, e que agora conta com Lobo (da finada Barba Negra, especializada na publicação de HQs) segue ligada a cultura pop, quadrinho e música, mas quer se moldar também a partir da demanda do público: buscando nas redes sociais, por exemplo, temas e gêneros em destaque que possam gerar novos projetos. Ao invés de reclamar da falta de leitores, a intenção é ouvir e buscar a demanda do público, que assim acaba influenciando na construção do catálogo, explica Corci. Outro aliado da Mojo será o crowdfunding, cuja plataforma servirá para explorar produtos derivados dos livros, como séries de TV ou bonecos.

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“Nosso carro-chefe sempre foi e sempre será digital — e-book ou qualquer outra possibilidade que encontrarmos”, diz Danilo Corci, “mas também não dá para ser um Dom Quixote o tempo todo”. Se o foco está no digital e no colaborativo, a casa também tem um pé no tradicional livro físico, utilizando o sistema de impressão sob demanda para compras diretas da editora, método que também será utilizado, a partir deste mês, para venda a grandes redes de livrarias. A projeção inicial é de tiragens de 1 mil a 3 mil exemplares.

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No segundo semestre de 2013, a Mojo publicou cinco narrativas breves de ficção (Andréa del Fuego e Antônio Xerxenesky assinam duas delas), nos formatos e-book e impressão sob demanda, com entre seis e 26 páginas, e preços na média de R$ 2,99 (digital) e R$ 16,99 (impresso). Entre os próximos lançamentos destaca-se a coleção de não-ficção PopPopPop, que visa discutir temas em voga. Até o momento são dez títulos confirmados, entre eles um livro sobre o Novo Feminismo escrito por Clara Averbuck e Aline Valek. Outros destaques para este ano são um conto inédito de Hans Christian Andersen traduzido direto do dinamarquês, novas histórias inspiradas em música, como a de Marcelino Freire baseada em Stan Getz e Tom Jobim, e uma HQ de Pablo Mayer.

 

Armando Freitas Filho. Foto: Divulgação
“Dever”, coletânea que marca os 50 anos de carreira de Armando Freitas Filho, vence o prêmio de poesia da FBN

 

Prêmio 1
O romance Opisanie swiata (Cosac Naify), de Veronica Stigger; o livro de contos Essa coisa brilhante que é a chuva (Record), de Cíntia Moscovich; e os poemas de Dever (Companhia das Letras), de Armando Freitas Filho (foto), estão entre os vencedores do Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional 2013. Também foram contemplados Haicais para pais e filhos (Galerinha Record), de Leo Cunha, na categoria infantil; Marcéu (Positivo), de Marcos Bagno, na categoria juvenil; A tradução literária (Civilização Brasileira), de Paulo Henriques Britto, como ensaio literário; e Mrs. Dalloway (L&PM), de Virginia Woolf, pela tradução de Denise Bottmann; entre outros. Concorreram obras inéditas publicadas no Brasil entre setembro de 2012 e agosto de 2013. O vencedor em cada categoria leva R$ 12.500.

Prêmio 2
O livro da gaúcha Cíntia Moscovich também venceu o Portugal Telecom 2013 na categoria Conto/Crônica, que concedeu seu Grande Prêmio a O sonâmbulo amador (Alfaguara), de José Luiz Passos. Pela vitória na categoria Romance e pelo Grande Prêmio, o pernambucano recebeu o total de R$ 100 mil. Já Sentimental (Companhia das Letras), do carioca Eucanaã Ferraz, foi premiado em Poesia. Ele e Cíntia receberam R$ 50 mil cada.

 

Beatriz Bracher. Foto: Divulgação
“Garimpo”, de Beatriz Bracher, foi eleito o melhor livro de contos de 2013 pela APCA

Top 2013
A dobradinha da escritora gaúcha, no entanto, é raridade, e a Associação Paulista de Críticos de Arte trouxe outros nomes — em relação a Jabuti, São Paulo de Literatura, Portugal Telecom e FBN — à sua lista de melhores do ano nas categorias Romance, Poesia e Conto/Crônica: Lívia e o cemitério africano (Editora 34), de Alberto Martins; Rabo de baleia (Cosac Naify), de Alice Sant’Anna, e Garimpo (Editora 34), de Beatriz Bracher (foto), respectivamente.

 

Cezar Tridapalli. Foto: Divulgação
Segundo romance de Cezar Tridapalli, vencedor do Prêmio Minas Gerais de Literatura, sai no primeiro semestre pela Arte & Letra

Premiado…
Ferreira Gullar é o vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2013, no valor de R$ 120 mil, pelo conjunto de sua obra. O Prêmio Jovem Escritor Mineiro ficou com Gustavo Fechus Monteiro, que terá direito a uma bolsa de R$ 42 mil. Nas categorias Poesia e Ficção, ambas voltadas a obras inéditas, foram contemplados o carioca Rogério Luz, com Os nomes, e o paranaense Cezar Tridapalli (foto), com o romance O beijo de Schiller. Cada um levou R$ 25 mil pelo prêmio.

e contratado
O romance de Tridapalli, autor de Pequena biografia de desejos (7Letras), já tem editora: sai pela Arte & Letra no primeiro semestre deste ano. O beijo de Schiller é narrado por um escritor que, em meio a um seqüestro de que ele e sua mulher são vítimas, escreve um romance sobre os conflitos de Luka, um jovem arquiteto que passa por profundas crises afetivas.

Com o vampiro
Por falar em Arte & Letra, a editora curitibana fechou o sexto autor de sua coleção de livros artesanais: na fornada de 2014, junta-se a Luiz Ruffato e Cristovão Tezza o “vampiro de Curitiba”. Contos de Dalton Trevisan vão ganhar uma edição com encadernação manual, impressão em tipografia e tiragem limitada de 200 exemplares. Outro destaque entre os lançamentos da editora neste ano são os contos de Irmandade, do paranaense Newton Sampaio, premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1938.

Lançamentos
A Patuá pretende dobrar o número de títulos publicados em 2013, editando 150 obras em 2014. A editora, que trabalha principalmente com literatura brasileira contemporânea e autores estreantes em pequenas tiragens (a média é de 50 a 200 exemplares), ganhou destaque no ano passado com a premiação do romance Desnorteio, de Paula Fábrio, pelo São Paulo de Literatura na categoria estrante, e pela indicação de Vário som, de Eliza Andrade Buzzo à lista de finalistas do Prêmio Jabuti na categoria poesia. Entre os destaques da casa para 2014 estão 70 poemas, de Ana Peluso; Diário da vertigem, de Marília Kubota; Sumi-ê, poemas de Nydia Bonetti; e dois livros de Micheliny Verunschk: o romance Nossa Teresa e os poemas de Outra arte.

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Viagem ao Harz, do poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856), é um dos destaques da Editora 34 para este primeiro semestre. Trata-se da primeira parte de seus célebres Reisebilder (Quadros de viagem), inéditos no Brasil. Publicada em 1826, a Viagem inclui poemas, reflexões sobre vida, arte e política, relatos de sonhos e descrições de paisagens, lugares e pessoas. A edição brasileira, traduzida por Mauricio Mendonça Cardozo, inclui o prefácio de Heine à edição francesa de suas obras, um estudo de Sandra M. Stroparo e o ensaio de Théophile Gautier sobre o poeta alemão.

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Na programação da Rocco para os primeiros meses do ano estão a reedição do romance Os hungareses, de Suzana Montoro, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2012, e o lançamento de As mil mortes de César, de Max Mallmann, segundo volume da saga de um anti-herói romano irascível e melancólico que sabe preencher formulários, mentir educadamente e lutar com armas brancas.

 

Bernardo Kucinski. Foto: Divulgação
Nos 50 anos do golpe de 1964, Bernardo Kucinski lança “Você vai voltar para mim e outros contos” pela Cosac Naify, que também republica seu romance “K”

 

Da mesma safra que o romance de Suzana Montoro, K, de Bernardo Kucinski (foto), vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2012, ganha nova edição pela Cosac Naify, que também publica seu Você vai voltar para mim e outros contos. A editora, que no ano passado aumentou a presença da literatura brasileira contemporânea em seu catálogo, lança também nesta área O doente, romance de estréia do jornalista e tradutor André Vianna, e Uns contos, narrativas breves de tom memorialístico do artista gráfico Ettore Bottini (1948-2013). Na área de ficção estrangeira, romances do angolano Valter Hugo Mãe e dos chilenos Alejandro Zambra e Jorge Edwards estão à vista.

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Uma nova edição de O senhor das moscas, clássico do Nobel de Literatura William Golding, até então esgotado no Brasil, é uma das apostas da Alfaguara. A editora também investe em ficção contemporânea norte-americana, com The round house (A casa redonda, título provisório), romance de Louise Erdrich vencedor do National Book Awards 2012, e À noite andamos em círculos, de Daniel Alarcón (nome já proposto para a 12ª edição da Flip e que integrou as listas da Granta e da The New Yorker de melhores jovens escritores norte-americanos). Haruki Murakami e Granta, aliás não poderiam faltar: O descolorido Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, novo romance do escritor japonês, e uma edição da revista inglesa dedicada a autores contemporâneos de língua portuguesa, inglesa, francesa e árabe, com nomes como Jonathan Littell, Adonis e Ronaldo Correia de Brito, saem neste ano.

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A Objetiva lança neste mês uma nova série de crônicas de Luis Fernando Verissimo sobre o amor em todas as suas variantes: romance, paixão, sexo, ciúme, etc. Amor Verissimo sai em sincronia com a mini-série homônima do GNT, com adaptações de treze crônicas do autor sobre o tema.

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Lançada de 1855 a 1863 em oito volumes, reunindo cerca de 600 textos, Contos populares russos, realizada por Aleksandr N. Afanássiev (1826-1871), é a base para O conto popular russo, coletânea da Estação Liberdade organizada por Flávia Moino, cuja dissertação de mestrado versou justamente sobre Afanássiev e este gênero da literatura russa.

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A Ateliê Editorial destaca para este primeiro trimestre uma biografia de Eça de Queirós escrita por Alfredo Campos Matos, em que o historiador se baseia na interpretação de documentos e comentários sobre o escritor português; e O cancioneiro de Petrarca, com quase quatrocentos poemas do autor italiano, traduzidos por José Clemente Pozenato.

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Já a Benvirá começa o ano em clima de futebol com Resenha esportiva, reunião de crônicas de Nelson Motta sobre os bastidores de sete Copas do Mundo, duas Olimpíadas e um Pan-americano que o autor acompanhou. Em tom mais sóbrio, o braço editorial da Saraiva publica Espírito e espírito de época, ensaio sobre a cultura da modernidade escrito por Hermann Broch, autor da trilogia Os sonâmbulos.

 

Premiação infanto-juvenil
Vão até o dia 30 deste mês as inscrições para o 10º. Prêmio Barco a Vapor de literatura infanto-juvenil. Promovido pela Fundação SM, o prêmio paga R$ 30 mil de adiantamento de direitos autorais ao vencedor, que tem seu livro publicado pelas Edições SM na coleção Barco a Vapor. As inscrições para originais devem ser feitas através do site www.barcoavapor.edicoessm.com.br.

Cavalcanti na ABL
O diplomata, poeta e crítico literário pernambucano Geraldo Holanda Cavalcanti é o novo presidente da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a escritora Ana Maria Machado, que ocupou o cargo no biênio 2012-2013. Nascido no Recife (PE), em 1929, Cavalcanti é autor de Poesia reunida (Prêmio Fernando Pessoa, da União Brasileira de Escritores de 1998), da ficção Encontro em Ouro Preto e do romance de formação As desventuras da graça, entre outros. Em 2013, lançou pela Civilização Brasileira A herança de Apolo, em que apresenta reflexões sobre a poesia, resultado de cinqüenta anos de estudo do autor.

Rascunho